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Parem as prensas

#ParaTodosVerem
#descricaodaimagem

Descrição da imagem: Cartum colorido de uma redação de um jornal. Um jornalista passa correndo pela redação, enquanto os outros dois, um homem e uma mulher, tomam tranquilamente um café.

Balão 1: Parem as prensas! Eu tenho uma notícias bombástica!
Balão 2: Devemos contar que a notícia já foi divulgada nos blogs, Twitter e todas as redes sociais?
Balão 3: Não! Eu já tentei mas ele insiste em não acreditar nas novas tecnologias!

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1450 – Prensa móvel de Gutenberg

Métodos de impressão já existiam em diversas partes do mundo, como na China e na Coréia. Foi na China, inclusive, que se inventou a técnica de produção de papel que permitiu a produção em escala das prensas. Porém a invenção de Johannes Gutenberg (1400-1468) revolucionou o mundo ao criar uma máquina de tipos móveis onde era possível imprimir diversas cópias em papel de forma mais rápida do que todas as outras técnicas existentes na época.

A primeira obra impressa por Gutenberg foi a Bíblia Sagrada. No início do projeto outras possibilidades foram pensadas considerando a questão da comercialização. Mas uma demanda da Igreja, que tinha o interesse de padronizar missas, livros de contos e breviários mostrou um mercado promissor. Havia a intenção da organização religiosa de que as bibliotecas nos mosteiros possuíssem uma Bíblia, bem traduzida e editada.

“Um escriba dificilmente copiaria com qualidade mais do que duas densas páginas de alta qualidade por semana (um comentário da Bíblia de mil duzentas e setenta e duas páginas exigiria cinco anos de dois escribas, de 1453 a 1458)” (Man, 2004, p. 100).

Gutenberg tem um encontro com o cardeal alemão Nicolau e mesmo sem um comprometimento oficial, sai da reunião com a impressão de aprovação da ideia. De qualquer maneira, a Igreja exigiria um manejo cuidadoso da Bíblia e um novo formato poderia criar rejeição. A versão tipográfica deveria ter a exatidão dos textos e alcançar uma estética que superasse os manuscritos. Era um empreendimento caro e de alto risco.

O projeto da prensa começa em 1438 com mais três sócios/investidores do empreendimento: Hans Riffe, Andreas Dritzehn e Andreas Heilmann. Foi alugado um local em Mainz para a montagem da oficina. A ideia era desenvolvida em total segredo, tanto que a morte de um dos sócios, Dritzehn, ameaçou os plano quando os familiares tentaram – via ação judicial – ter acesso ao que se estava sendo desenvolvido. A corte decidiu, em 1439, que Gutenberg pagasse pequena soma de indenização mas o segredo foi mantido.

A produção da Bíblia começou em 1450. Foi necessário vários testes em relação ao melhor papel, tipo de tinta e composição de páginas, que compreendia encontrar melhor tamanho das letras, espaçamento e entrelinhas. Tendo encontrado o melhor formado, “Com mais de seis compositores manejando três prensas, trabalhando todo o tempo, menos durante os festivais religiosos, Gutenberg e seu pessoal podem ter produzido a Bíblia de 42 linhas – cento e oitenta cópias, duzentos e trinta mil páginas, cada uma exigindo sua própria impressão – em aproximadamente dois anos, dois furiosos anos de trabalho nos quais eles também se dedicaram a outros trabalhos. No outono de 1454, o livro estava pronto.” (Man, 2004, p. 183).

Gutenberg em sua oficina, observando uma prova da Bíblia.

A Bíblia possuída 1.282 páginas em dois volumes. Diagramada em duas colunas com 42 linhas. Estima-se que forma produzidos entre 150 e 180 exemplares, sendo publicados em papel e, em menor quantidade, exemplares feitos em pergaminho. As iluminuras foram feitas à mão.

Procedimento revolucionário, mas que custou muito dinheiro e dívidas, fez com que Gutenberg fosse processado. A execução de uma hipoteca fez com que ele perdesse a oficina.

A prensa móvel se tornou um método de sucesso e permitiu a popularização das gráficas e formação do mercado editorial, sendo um dos marcos da transição da Idade Média para a Idade Moderno na Europa, época da expansão mercantilista. Os novos mercados fizeram com que a disseminação da informação se espalhassem pelas rotas comerciais. Embora ainda caros, os livros não eram mais de acesso restrito da Igreja e da nobreza.

Com o crescimento do comércio, surgem os burgueses. Essa classe em ascensão financeira passa a questionar o poder absoluto dos reis. Surgem as ideias liberais, como o de propriedade privada, de limitação do poder do Estado e de liberdade de expressão para poder criticar – se serem punidos – os governantes e suas políticas.

Da junção da disseminação das prensas e das reivindicações do direito de liberdade de expressão, surgem os primeiros panfletos que passam a circular com críticas sociais e políticas. Era o embrião do jornalismo, que publicava notícias, críticas e opiniões através de jornais e revistas. Entre os conteúdos, a caricatura política se popularizou.

Dica de leitura:

MAN, John. A Revolução de Gutenberg: a história de um gênio e da invenção que mudaram o mundo. Rio de Janeiro: Editouro, 2004.