Categoria: Memória Ilustrada

1493 – Adolfo Aizen vira membro do Comité da Imprensa do Touring Club do Brasil

Revista O Malho, n. 1493

1 de agosto de 1931.

Título: Touring Club do Brasil

Do Sr. Dr. Octavio Guinle, digno presidente do Touring Club do Brasil, recebemos uma atenciosa comunicação de que, para membro do Comité da Imprensa dessa modelar sociedade de turismo, foi convidado para representar O Malho o nosso companheiro de redação Sr. Adolfo Aizen.


A viagem de Adolfo Aizen foi responsável por fazer ele conhecer os suplementos de quadrinhos que eram grande sucesso nos EUA e de, ao retornar, lançar o Suplemento Infantil no Jornal A Nação em 1934, inaugurando o mercado editorial brasileiro. A vida de Aizen é contada de forma detalhada no livro A Guerra dos Gibis.

Hemeroteca Biblioteca Nacional: http://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=116300&pesq=%22adolfo%20aizen%22&pasta=ano%20193&hf=memoria.bn.br&pagfis=75063

1929 – A Gazeta – Edição Infantil

1ª edição: 5 de setembro de 1929

Suplememento do jornal Gazeta, da cidade de São Paulo.
Publicada as quintas-feiras, tinha como objetivo criar um suplemento “em benefício das infancia tão pouco aquinhoada, entre nós, de leitura sã e interessante.”

Créditos imagem: Biblioteca Nacional

1908 – Revista Careta

1ª edição: 6 de junho de 1908, Rio de Janeiro/RJ

Revista criada em 1908 por Jorge Schmidt que tinha como linha editorial o conteúdo humorístico e a crítica de costumes. Tinha periodicidade semanal, saindo sempre aos sábados. Entre os colaboradores estavam os cartunistas Raul, J. Carlos, Belmente, Malagute, Raul Pederneiras, Calixto e Theo. Além das charges, publicava notícias, crônicas, poesia, colunas de opinião e colunismo social.

A capa da primeira edição foi feita por J. Carlos e retratava Afonso Pena, o Presidente da República em 1908.

Aí vai a nossa Careta. Lançando à publicidade esse semanário, é preciso confessar, e contritamente o fazemos, que a Careta é feita para o público, o grande e respeitável público, com P maiúsculo! Se tomamos esta liberdade foi porque sabíamos perfeitamente que ele não morre de caretas. Longe vai o tempo em que isso acontecia. Todavia, nossa esperança é justamente que o público morra pela Careta, a fim de que ela viva. E, feita cinicamente essa confissão egoísta (…) Digamos logo que o nosso programa cifra-se unicamente em fazer caretas (…) As nossas caretas são sérias como as sessões do Instituto Histórico e a sua perfeição e semelhança garantidas. Se ao ver a Careta, gentil senhorita, apreciadora entusiasta das seções galantes do jornalismo smart, franzir graciosamente as graciosas sobrancelhas, na boquita rubra estalando um desprezado muxoxo, nós já temos meia vingança: o muxoxo é meia careta, pelo menos. (Careta Ano I, nº 01, 6  jun. 1908, p. 3)

Schmidt já tinha experiência com outras revistas, como Kosmos e Fon-Fon!. Com o fim desses periódicos, Schmidt buscou criar uma nova publicação mais simples, popular e que evitasse a inconsistência de entrega dos seus colaboradores. Essa nova visão de gestão deu certo e a Revista Careta circulou durante 53 anos. Mesmo após sua morte em 1935, a publicação continuou circulando, tendo sua última edição datada em 5 de novembro de 1960, revista de número 2.732.

A linguagem provocativa, com grande repercussão no público, gerou vários conflitos com o Governo. “Um exemplo disso foi a prisão de Jorge Schmidt, em 1914, quando o Marechal Hermes decretou estado de sítio no país, invadindo e destruindo órgãos da imprensa de oposição.” (GARCIA, 2015, p. 35). A revista ficou um período suspensa por alguns meses.

O posicionamento político e charges ganharam destaque durantes o período do Estado Novo (1937-1945), em um contexto de censura imposta pelo governo de Getúlio Vargas. A pesquisadora Sheila Garcia detecta em seu estudo “o entrelaçamento entre a propaganda comercial e a veiculação do discurso de legitimação do regime.” (GARCIA, 2015, p. 41). Em meio a matéria enviadas pelas agências de governo, as charges atuaram na construção do discurso crítico dentro da revista. A forma de despistar a censura foi a de criar uma representação de Getúlio Vargas que evitasse a satanização e atribuísse a ele aspectos caricatos da figura baixinha, gorducha, sorridente e com seu charuto. As críticas eram construídas em duplo sentido ou em elementos gráficos escondidos. Esse mecanismo tinham a intenção de burlar a leitura dos censores no discurso contra o estado opressor, que tentava silenciar as manifestações artísticas críticas ao governo autoritário.

A revista tinha um alto padrão de impressão, sendo impressa em papel couché. Somente em 1941, com o mundo as voltas de uma Segunda Guerra Mundial, o preço do papel importado aumentou de preço e a Careta passou a ser publicada em papel jornal, usando o couché somente na capa.

Com o fim em 1960, a revista Careta foi relançada em 1964, durando apenas 3 edições. Em 1981 uma terceira versão da revista chegou às bancas, mas também com curta duração.

Referência

Biblioteca Nacional. Careta. http://objdigital.bn.br/acervo_digital/div_periodicos/careta/careta_anos.htm

GARCIA, Sheila do Nascimento. Revista Careta: um estudo sobre humor visual no Estado Novo (1937-1945). Dissertação (Mestrado em História)- Faculdade de Ciência e Letras, Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Assis, 2015. Disponível em:
https://repositorio.unesp.br/bitstream/handle/11449/93407/garcia_sn_me_assis.pdf?sequence=1

1907 – Revista Fon-Fon!

1ª edição: 13 de abril de 1907, Rio de Janeiro/RJ

Idealizada por Jorge Schmidt, a Revista Fon-Fon! foi uma publicação semanal que circulou entre 1907 a 1958 no Rio de Janeiro. Schmidt, editor-proprietário, foi um destaque no ramo da editoração, tendo também publicado as revistas Kosmos e Careta.

“Semanario alegre, politico, critico e esfusiante.
Noticiário Avariado, Telegraphia sem Arame, Chronica Epidemica.

Poucas palavras apenas, á guiza de apresentação.
Uma pequena “corrida”, sem grandes dispendios de velociade.

Para um jornal agil e leve como o FON-FON!, não póde haver programma determinado (deviamos dizer distancia marcada.)

Queremos fazer rir, alegrar a tua boa alma carinhosa, amado povo brasileiro, com a pilheira fina e a troça educada, com a gloza inoffensiva e gaiata dos velhos habitos e dos velhos costumes, com o commentario leve ás cousas de actualidade.

Em todo o caso, isto já é um programma, felizmente, facil de cumprir, muito mais facil do que qualquer outro, com considerações a attender e preconceitos a respeitar.

Para os graves problemas da vida, para a mascarada Politica, para a sisudez conselheira das Finanças e da intrincada complicação dos Principios Sociaes, cá temos a resposta propria; aperta-se a “sirêne” e .. “Fon-Fon” “Fon-Fon”. (…)” 
(Fon-Fon, 1907, p. 3).

Capa da primeira edição da revista Fon-Fon!

O Brasil passava por uma profunda mudança social. Em 1888 aconteceria a Abolição da Escravatura. Em 1890, a Proclamação da República. Nesse cenário, chega ao país os automóveis que logo se tornaram um dos símbolos da modernidade. A revista então usa a onomatopeia de buzina como título e cria um chofer chamado Fon-Fon como personagem que ilustra vários textos ao longo das primeiras edições.

Tinha a intenção de ser uma revista moderna, com uma linha editorial mais rentável que a luxuosa Revista Kosmos. Trazia em suas páginas charges coloridas, fotografias, matérias culturais e reportagens sobre a semana política e social do Rio. Com o decorrer dos anos, o público alvo da revista passou a ser a mulher da elite carioca. Influenciada pela revista Belle Époque, devido ao grande fascínio que a França tinha na sociedade brasileira, começou a trazer as novidades de Paris, principalmente moda feminina e infantil. A revista passou a focar nas matérias de comportamento, costumes, beleza e culinária. Na Era Vargas a revista ganha um tom disciplinador do papel da mulher dentro da sociedade e na criação dos filhos.

Revista Fon-Fon! nº 4, de 1934 – Ilustração J. Carlos

A revistas Fon-Fon! circulou até a edição 2637, publicada em agosto de 1958.

Referência

Biblioteca Nacional. Fon-Fon! Rio de Janeiro: 1 jan. 1907. Disponível em: http://memoria.bn.br/docreader/DocReader.aspx?bib=259063&pagfis=1

FRANQUI, Renata; PERIOTTO, Macília Rosa. O modelo feminino na revista Fon-Fon! (1907-1958): a pedagogia da maternidade no Estado Novo. PerCursos, Florianópolis, v. 17, n. 33, p. 82 -, 2016. Disponível em: https://revistas.udesc.br/index.php/percursos/article/view/1984724617332016082.

ZANON, Maria Cecilia. Fon-Fon! – Um registro da vida mundana no Rio de Janeiro da Belle Époque. UNESP – FCLAs – CEDAP, v.1, n.2, 2005 p. 18. Disponível em: https://pem.assis.unesp.br/index.php/pem/article/view/18