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Rodízio

Gibiteca Henfil

20 anos de jornada

Autores: Hugo Leonardo Abud e Maria Helena S. Corrêa Pinho

Resumo
Apresenta a importância da preservação de histórias em quadrinhos para a sociedade e mostra como a criação da Gibiteca Henfil em 1991 impulsionou a formação de outros acervos pelo Brasil. Descreve através de um histórico a criação da Gibiteca Henfil, a idealização, o projeto inicial, as pessoas envolvidas neste projeto e por último as principais atividades desenvolvidas pela Gibiteca e alguns eventos que deram destaque a este acervo.

Citações

“A Gibiteca Municipal Henfil foi idealizada por uma equipe de profissionais e especialistas, com o objetivo de ser um local de encontro de pesquisadores, quadrinistas, estudantes, fanzineiros e leitores de HQs” (Abud; Pinho, 2011, p. 2).

“O termo gibiteca segundo Vergueiro (2003) é “[…] um neologismo que buscava nomear uma biblioteca especialmente dedicada à coleta, armazenamento e disseminação de histórias em quadrinhos” (Abud; Pinho, 2011, p. 2).

“O conceito de preservação não se limita somente ao escrito ou a arte. Preservar está atrelado ao que é um bem patrimonial para a sociedade ou aquilo que é reflexo da memória e da identidade de uma comunidade. Para Teixeira Coelho (2004) a preservação é um conjunto de medidas que visa resguardar em locais públicos a produção cultural e técnica” (Abud; Pinho, 2011, p. 2-3).

A Gibiteca tinha por propósito servir à pesquisa, à formação, preservação e atualização do acervo, à coleta de documentação para formação de base de dados, e servir como disseminador da informação sobre quadrinhos, bem como desenvolver um acervo especializado. Para o cumprimento das regras da biblioteconomia, obrigatoriamente deveria coletar, selecionar, processar tecnicamente e armazenar de modo adequado todo este acervo” (Abud; Pinho, 2011, p. 5).

ABUD, Hugo Leonardo; PINHO, Maria Helena S. Corrêa. Gibiteca Henfil: 20 anos de Jornadas nas 1ª Jornadas Internacionais de Histórias em Quadrinhos. In: Jornadas Internacionais de Histórias em Quadrinhos, ed. 1, Escola de Comunicações e Artes, Universidade de São Paulo, 23 a 26 ago. 2011. Disponível em: https://anais2ajornada.eca.usp.br/anais1asjornadas/q_sociedade/hugo_maria.pdf

1951 – 1ª Exposição Internacional de Histórias em Quadrinhos

Realizada entre 19 de junho e 2 de julho de 1951, no Centro Cultura e Progresso em São Paulo, foi a primeira exposição de quadrinhos do Brasil que reunia exposições e trazia debates e reflexões para a valorização das histórias em quadrinhos no país.

Idealizada por Álvaro de Moya, Jayme Cortez, Syllas Roberg, Reinaldo de Oliveira e Miguel Penteado.

Ideliazadores da exposição
Programação da exposição

“Uma das artes modernas mais combativas e discutidas do momento é a história em quadrinhos. Enquanto uns a reconhecem como uma das maiores exteriorizações de todos os tempos, e a mais jovem dentre as demais, há instituições e pessoas que a combatem intransigentemente e confundem história em quadrinho com habilidade, comercio ou simples técnica. A polêmica está lançada.

E, com o intuito de lançar mais luz sobre este momentoso problema, e esclarecer ao público e à crítica em geral o extraordinário índice artístico e social alcançado por esta nova arte, o CENTRO CULTURA E PROGRESSO entrou em contacto com o STUDIOARTE, formado por jovens desenhistas desta Capital, que organizaram a 1ª EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL DE HISTÓRIAS EM QUADRINHOS, que se realizará em nossa sede social de 19 do corrente a 2 de julho próximo.”

Jornal Nossa Voz – Fonte Hemeroteca Biblioteca Nacional

1ª Exposição Internacional de Histórias em Quadrinhos

Jonal Nossa Voz – 28 de junho de 1951
Autor: Maurício Kuss

Sob o patrocínio do CENTRO CULTURAL E PROGRESSO realiza-se presentemente, em sua sede social, a 1ª EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL DE HISTÓRIA EM QUADRINHOS, organizada pelo STUDIOARTE, formada por jovens desenhistas desta Capital.

Trata-se de uma iniciativa de moços, honesta, levada, a efeitos com meios modestos, o que bata para torná-la uma realização bastante simpática e merecedora de uma demorada visita por parte de todos os interessados em qualquer espécie de arte moderna. Na Exposição pode-se verificar trabalhos originais e impressos de Alex Raymond (Flash Gordon), Harold Foster (Príncipe Valente), Milton Caniff (Steve Canyon), George Wunder (Terry e os Piratas), Al Capp (Li Abner), separados por blocos e tendências artísticas de cada um, conforme crítica explicativa feita para cada trabalho. Além disto, poderão todos notar os países do mundo, entre os quais se incluem amostra da Itália, Polônia, Canadá, Portugal, Argentina e muito outro países.

Porém, o mais importante da exposição não é este particular, puramente artístico, mas o fator social e educativo que a história em quadrinhos pode apresentar, aliado ao fato de que tal Exposição levantará seriamente um problema: o do desenhista nacional. Como é sabido, a grande maioria das histórias em quadrinhos publicadas no Brasil, provém dos Estados Unidos, não obstante, desenhistas de todo o mundo, inclusiva brasileiros, se dedicaram à esta forma de exteriorização dos conhecimentos humanos. Isto se dá em virtude de existência de alguns trustes que controlam toda a produção de histórias em quadrinhos , destacando-se dentre eles o “King Features Syndicates” e a “APLA”, com ramificações aqui no Brasil. Este reduzido número de cadeias de produção dos Estados Unidos, espalhado pelo mundo todo, vende aos proprietários de jornais e revistas, a preço vil, matrizes de papelão de histórias já publicadas nos Estados Unidos. Estas cadeias associam-se, por assim dizer, a quantos em cada país desejem produzir revistas infantis, deixando nas mãos de seus proprietários lucros fabulosos, tornando completamente impossível ao desenhista nacional competir, em preços, mas que poderia produzir leitura infantil mais digna, mais útil, mais bela, mais saudável.

A atenção do público para a exposição fará com que abram os olhos contra os habituais detratores da história em quadrinhos que a combatem intransigentemente sem ao menos conhecê-la e muitas vezes por estarem ligados a editoras de livros de histoiretas infantis sem tiragem. Ninguém pode, de boa fé, desconhecer as imensas possibilidades das histórias em quadrinhos como expressão artística e como instrumento de recreação e educação. E, se, infelizmente a maior parte delas prega a violência e conta histórias de super-homens e homens-borracha, cumpre por isso mesmo, e com urgência, separar o joio do trigo. Esclarecer a crítica e a opinião no sentido de preservar e ampliar as boas histórias, substituir as más, e incentivar os desenhistas nacionais que possam criar e adaptar temas brasileiros – este é o objetivo da Exposição. Tal objetivo é além de tudo patriótico, pois que, sem ter ligações com nenhuma organização ou entidade comercial, visa eliminar dertupações que vem sendo impostas à infância, por certos “capitalistas da imprensa” que se dedicam a publicação de histórias em sequências e que impedem o aparecimento de verdadeiros valores artísticos no domínio da histórias em Quadrinhos.

Diabo-Coxo

Jornal de caricaturas criado por Angelo Agostini e Luiz Gama, lançado em 2 de outubro de 1864. Era publicado aos domingos em São Paulo. Tinha 8 páginas, contendo textos, caricaturas e ilustrações de eventos e cenas do dia a dia.

O diabo foi uma figura criada pela Igreja na Idade Média e difundida na literatura e nas Artes.

El Diablo Cojuelo, do escritor espanhol Luiz Velez de Guevara, obteve muito sucesso quando publicado pela primeira vez, em 1641. Quase setenta anos depois, em 1707, Alain René Lesage repetiu-lhe a dose e o tom no romance de mesmo título e assunto, Le Diable Boitex. Era a história de Asmodeu, o coxo, pobre diabo preso numa garrafa. Liberado por um estudante, concedeu ao jovem o poder de ver, através dos tetos e das paredes das casas, o que se passava com as pessoas no seu interior. Fórmula cômoda de o escritor retratar e satirizar, com espirituosidade, os costumes da sociedade. (CAGNIN in GAMA, 2005, p. 14).

Diabo Coxo era a figura que olhava para a sociedade através de suas “paredes”, revelava sua ações moralista e apontava seus erros através de caricaturas ácidas que incomodavam

Publicado em séries, a primeira foi de outubro até dezembro de 1864. A segunda circulou entre julho e dezembro de 1865.

Introdução da primeira edição:

Referência:

GAMA, Luíz. Diabo Coxo: São Paulo 1864-1865. Redigido por Luíz Gama; Ilustrado por Angelo Agostini. Ed. fac-similar. São Paulo: Editora da USP, 2005. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/docreader.aspx?bib=701513&pasta=ano%20186&pesq=&pagfis=1