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A revista Gibi e a consolidação do mercado editorial de quadrinhos no Brasil (2014)

Autor: Waldomiro Vergueiro

Resumo:

Este trabalho resulta de pesquisa que teve como principal objetivo demonstrar a trajetória da produção editorial de histórias em quadrinhos no Brasil ao longo do século XX. Nesse período, pode ser percebida a passagem da referência europeia para a norte-americana em relação às histórias em quadrinhos e também aos formatos editoriais adotados. A análise da revista Gibi, uma das mais importantes do mercado editorial nacional, ajuda a ampliar a compreensão das mudanças nessa área

VERGUEIRO, Waldomiro e SANTOS, Roberto Elísio dos. A revista Gibi e a consolidação do mercado editorial de quadrinhos no Brasil. Matrizes, v. 8, n. 2, p. 175-190, 2014 . Disponível em: http://dx.doi.org/10.11606/issn.1982-8160.v8i2p175-190.

Uma pesquisa que não está no gibi: um estudo com colecionadores de revistas em quadrinhos

Autores:
Luciano José Martins Vieira
Neusa Rolita Cavedon

Resumo: O presente exercício etnográfico tem como objetivo identificar as peculiaridades da relação existente entre colecionadores porto-alegrenses de histórias em quadrinhos (HQs) de superaventura com as suas revistas. O referencial teórico aborda as HQs de superaventura e as principais características da cultura do consumo, focando em uma de suas consequências, o colecionismo. Para a coleta de dados foram utilizadas as técnicas de observação participante com idas a campo na Feira do Gibi de Porto Alegre e foram realizadas entrevistas com expositores e frequentadores do evento. Os resultados apontam que o colecionar HQs extrapola a dimensão utilitária do consumo, pois as revistas são adquiridas para serem conservadas e lidas novamente por representarem aspectos da vida do colecionador e ser fonte de satisfação para ele, proporcionando, inclusive, uma sensação de obtenção de alguma forma de imortalidade. As coleções não iniciam deliberadamente, mas uma vez constituídas, a busca e aquisição de novos itens ocorrem com regularidade e a formação do acervo segue critérios definidos. A possibilidade de retirada de um item da coleção é considerada algo negativo. O colecionar envolve o consumo contínuo já que as coleções nunca estarão completas, pois sempre existirão novas revistas interessantes para serem adquiridas.


Belk et al. (1988) apontam oito proposições sobre o colecionismo:

a) As coleções raramente são iniciadas de forma proposital: elas frequentemente começam a partir de uma ação acidental ou inesperada, como o recebimento de um presente ou de uma herança. Normalmente os colecionadores percebem que
têm uma coleção somente após já terem reunido certa quantidade de itens.

b) A prática de colecionar apresenta aspectos viciantes e compulsivos: apesar do início inesperado muitas coleções tornam-se uma atividade viciante de busca e aquisição do objeto colecionado (compulsão), que envolve euforia e angústia e que ocasionalmente causa repercussões negativas na vida pessoal e social do colecionador. O fato de vários colecionadores prontamente reconhecerem que estão “viciados” pela coleção indica o poder da atração do reconhecimento social da atividade compulsiva de aquisição conferida ao colecionismo.

c) A aquisição de bens ocorre como arte ou ciência de modo que existem dois tipos (puros) de colecionadores: a) o que adota critérios afetivos para selecionar os itens da sua coleção, não havendo a necessidade de ter uma série completa, pois o que importa é aumentar a beleza da coleção; e, b) aquele que usa critérios cognitivos para a escolha dos itens da coleção, em que há a procura de itens que formem uma série e que aprimorem o seu conhecimento. Ressalta-se que o
reconhecimento da sua coleção por outras pessoas dá ao colecionador um senso de que a sua coleção tem um propósito nobre posto que ela auxilia na construção do conhecimento e na preservação de algo importante.

d) Há uma sacralização do objeto quando ele passa a fazer parte da coleção: ele recebe uma condição extraordinária, especial e digna de reverência, incorporando a conotação de veículo de experiência transcendental que excede seu aspecto utilitário e estético. A sacralização pode ocorrer pela definição de um espaço físico específico (gaveta, caixas, armários, quartos e até mesmo um apartamento só para abrigar os itens colecionáveis) para a coleção e de maneiras especiais para o manuseio dos itens; pelo fato do objeto ter tido contato com pessoas importantes ou por ter sido parte de outra coleção. A venda dos objetos sacralizados só é considerada se for para adquirir um item considerado mais valioso.

e) As coleções são uma extensão do colecionador: a dedicação de tempo e o esforço empreendido para montar uma coleção significa que o colecionador coloca uma parte de si nela. A coleção dá visibilidade aos gostos e preferências de seu dono. A noção de que as coleções representam tal extensão considera os motivos pelos quais a pessoa inicia a coleção, como lembranças da infância, conhecimento, prestígio, autoridade e controle.

f) As coleções tendem à especialização: com o acréscimo do conhecimento do colecionador sobre determinado tema ocorre uma delimitação do tipo de item que será colecionado, o que também possibilita a chance da sua coleção ser única.

g) Como a manutenção de uma coleção intacta é uma forma de obter a imortalidade, a decisão sobre o que fazer com ela após a morte do colecionador por vezes resulta em problemas familiares quando a sua família não possui interesse em dar
continuidade à coleção.

h) Há simultaneamente um medo e um desejo em completar uma coleção, pois a aquisição contínua reforça o senso de perícia e proeza. Para evitar o medo o

colecionador adota duas estratégias: a) ter novas coleções (de novos itens ou de variações do objeto já colecionado); b) ter coleções que são adquiridas de maneira sequencial, não podendo ser adquiridas simultaneamente.

(VIEIRA e CAVEDONK, 2013, p. 15-16)

VIEIRA, L. J. M.; CAVEDON, N. R. Uma pesquisa que não está no gibi: um estudo com colecionadores de revistas em quadrinhos. GESTÃO.Org – Revista Eletrônica de Gestão Organizacional, v. 11, n. 1, p. 1-33, 2013. Disponível em: http://www.spell.org.br/documentos/ver/11608/uma-pesquisa-que-nao-esta-no-gibi–um-estudo-com-colecionadores-de-revistas-em-quadrinhos

O “Tiquinho” completa um ano

Revista O Malho

N. 133, janeiro de 1951

Título: O “Tiquinho” completa um ano

Rio de Janeiro

Autor: Ney Guimarães, d’A Tribuna de Santos

Trecho:

Em seguida surgiu a geração que ficou absorvida pela leitura do “Gibi” e outras publicações semelhantes. Crianças dessa geração são hoje rapazes, mas continuam atraidos por essa espécie de leitura que absolutamente nada de proveitoso lhes pode proporcionar. Oferece-lhe unicamente estupidez, no mais claro sentido que essa palavra apresente, dá-lhes uma visão falsa da vida.

[…]

Estou no conhecimento de que São Paulo se prepara uma campanha contra certa espécie de revistas que são dedicadas às crianças, mostrando os efeitos nocivos da leitura das atuais histórias em quadrinhos. Em 1945, numa das sessões do primeiro Congresso Brasileiro de Ecritores (sic) Juvenis, realizado em São Paulo, o assunto foi debatido com especial atenção e muito entusiasmo. A conclusão a que se chegou foi que essas histórias não tinham influência na mente das crianças. Penso o contrário. Acontece que muita gente que lê o “Gibi” e publicações no mesmo naipe não tem personalidade própria. Toda essa gente em seus costumes e atitudes, tem por modelo o cinema e nela a leitura se comunica acentuadamente. Todo o seu comportamento se subordina a esses elementos – cinema e leitura – no que têm de mais falso e condenável. […] Quero crer que essas histórias em quadrinhos dos nossos dias, preferidas pelas crianças (por culpa dos maiores e da sociedade), rapazes, muitos moços e até pela grande adulta propensa à leitura fazia de sentido e conteúdo, não representa nenhum perigo.

[…]

Nas estantes dessas bibliotecas deverão figurar revistas que lhes sejam de utilidade. O “Tiquinho” deverá estar nessas estantes e precisará ser passado pelos pequenos frequentadores de mão em mão.

Enfoque: Notícia negativa

Crédito: Biblioteca Nacional

Link: http://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=116300&Pesq=gibi&pagfis=101648

Biblioteca Pública

Jornal A Época

Título: Biblioteca Pública

Outubro de 1948

Caxias do Sul / RS

Autor: Jimmy Rodrigues – Redator da Rádio Caxias do Sul

Biblioteca Pública – Jornal Caxias do Sul (1948)

Trecho:

Não é isso que se quer, mas isso não quer dizer, também, que está certo que tenhamos uma mentalidade de jornal, ou de histórias de quadrinhos que aparecem no Gibi. E notem bem: o jornal e mesmo os Gibis são muito interessantes, interessantes quanto variedade, e nunca quando constituem a exclusiva leitura de alguém. A propósito, Ruy Barbosa, uma vez, contou a alguns amigos um conto muito interessante que havia lido. Perguntaram-lhe, depois da narração, onde havia lido aquele conto. E o Águia de Haya, respondeu: “Parece que foi no Globo Juvenil”… Talvez isso seja apenas anedotas, mas mesmo como anedota serve para demonstrar que Ruy Barbosa lia tudo que lhe caia nas mãos. E não queriam dizer agora que Ruy Barbosa sorveu a sua vasta cultura no Globo Juvenil.

Enfoque: Notícia positiva

Crédito: Memorial Biblioteca Nacional

Link: http://memoria.bn.br/DocReader/docreader.aspx?bib=882089&pasta=ano%20194&pesq=&pagfis=1386