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O “Tiquinho” completa um ano

Revista O Malho

N. 133, janeiro de 1951

Título: O “Tiquinho” completa um ano

Rio de Janeiro

Autor: Ney Guimarães, d’A Tribuna de Santos

Trecho:

Em seguida surgiu a geração que ficou absorvida pela leitura do “Gibi” e outras publicações semelhantes. Crianças dessa geração são hoje rapazes, mas continuam atraidos por essa espécie de leitura que absolutamente nada de proveitoso lhes pode proporcionar. Oferece-lhe unicamente estupidez, no mais claro sentido que essa palavra apresente, dá-lhes uma visão falsa da vida.

[…]

Estou no conhecimento de que São Paulo se prepara uma campanha contra certa espécie de revistas que são dedicadas às crianças, mostrando os efeitos nocivos da leitura das atuais histórias em quadrinhos. Em 1945, numa das sessões do primeiro Congresso Brasileiro de Ecritores (sic) Juvenis, realizado em São Paulo, o assunto foi debatido com especial atenção e muito entusiasmo. A conclusão a que se chegou foi que essas histórias não tinham influência na mente das crianças. Penso o contrário. Acontece que muita gente que lê o “Gibi” e publicações no mesmo naipe não tem personalidade própria. Toda essa gente em seus costumes e atitudes, tem por modelo o cinema e nela a leitura se comunica acentuadamente. Todo o seu comportamento se subordina a esses elementos – cinema e leitura – no que têm de mais falso e condenável. […] Quero crer que essas histórias em quadrinhos dos nossos dias, preferidas pelas crianças (por culpa dos maiores e da sociedade), rapazes, muitos moços e até pela grande adulta propensa à leitura fazia de sentido e conteúdo, não representa nenhum perigo.

[…]

Nas estantes dessas bibliotecas deverão figurar revistas que lhes sejam de utilidade. O “Tiquinho” deverá estar nessas estantes e precisará ser passado pelos pequenos frequentadores de mão em mão.

Enfoque: Notícia negativa

Crédito: Biblioteca Nacional

Link: http://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=116300&Pesq=gibi&pagfis=101648

1493 – Adolfo Aizen vira membro do Comité da Imprensa do Touring Club do Brasil

Revista O Malho, n. 1493

1 de agosto de 1931.

Título: Touring Club do Brasil

Do Sr. Dr. Octavio Guinle, digno presidente do Touring Club do Brasil, recebemos uma atenciosa comunicação de que, para membro do Comité da Imprensa dessa modelar sociedade de turismo, foi convidado para representar O Malho o nosso companheiro de redação Sr. Adolfo Aizen.


A viagem de Adolfo Aizen foi responsável por fazer ele conhecer os suplementos de quadrinhos que eram grande sucesso nos EUA e de, ao retornar, lançar o Suplemento Infantil no Jornal A Nação em 1934, inaugurando o mercado editorial brasileiro. A vida de Aizen é contada de forma detalhada no livro A Guerra dos Gibis.

Hemeroteca Biblioteca Nacional: http://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=116300&pesq=%22adolfo%20aizen%22&pasta=ano%20193&hf=memoria.bn.br&pagfis=75063

1904 – A Revolta da Vacina

A Revolta da Vacina, charge de Leonidas, publicada em 29 de outubro de 1904 na edição 111 da revista O Malho.

Legenda:
“Guerra Vaccino-Obrigateza!…
Espetaculo para breve nas ruas desta cidade: Oswaldo Cruz, o Napoleão da seringa e lanceta, à frente das suas forças obrigatorias, será recebido e manifestado com denodo pela população. O interessante dos combates deixará a perder de vista o das batalhas de flores e o da guerra russo-japoneza. E veremos no fim da festa quem será o caccinador à força!”

Revolta popular carioca contra o médico sanitarista Oswaldo Cruz (1872-1917), apelidado de “Napoleão da Seringa e Lanceta”, por causa da Lei da Vacinação Obrigatória, que estipulava a vacinação compulsória contra a varíola.

Lei nº 1261, de 31 de outubro de 1904
Torna obrigatórias, em toda a República, a vaccinação e a revaccinação contra a variola.

A cidade do Rio de Janeiro do começo do século XX, capital da República dos Estados Unidos do Brazil, possuía graves problemas de saneamento público, que resultou em vários surtos de doenças contagiosas. Oswaldo Cruz assume em 1903 a diretoria Geral de Saúde Pública com a missão de erradicar estas epidemias.

O ambiente de lixo acumulado nas ruas foi propício para a proliferação do vírus da varíola, chegando a 1.800 internações em 1904. Para conter a doença, Oswaldo Cruz optou pela ação da vacinação obrigatória, decretada por lei. Porém não houve uma campanha de conscientização. 

Funcionários da Saúde Pública, com ajuda da polícia, vacinavam à força a população. Vários atos da vida civil, como matrículas nas escolas, casamentos, autorização de trabalho, só seriam concedidos mediante comprovação de vacinação. Quem resistisse às medidas, seria obrigado a pagar uma multa.

A falta de esclarecimento fazia com que a população rejeitasse a ideia de injetar um líquido de pústulas (pequena elevação da epiderme) de vacas doentes em seus corpos. A população não gostou do caráter compulsório da lei e protestos violentos aconteceram entre os dias 10 e 16 de novembro de 1904. O motim resultou na morte de 30 pessoas, 110 feridos, 945 pessoas presas, 461 deportações para o Estado do Acre e depredações de bondes, trilhos, calçamentos e postes de iluminação.

Fontes:

Lei nº 1261, de 31 de outubro de 1904
Torna obrigatórias, em toda a República, a vaccinação e a revaccinação contra a variola.
https://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/1900-1909/lei-1261-31-outubro-1904-584180-publicacaooriginal-106938-pl.html

Hemeroteca Digital Brasileira – Biblioteca Nacional
Revista O Malho nº 111
http://memoria.bn.br/pdf/116300/per116300_1904_00111.pdf

Infoescola.com – Revolta da Vacina
https://www.infoescola.com/historia/revolta-da-vacina/

Educa Brasil – Revolta da Vacina
https://www.educamaisbrasil.com.br/enem/historia/revolta-da-vacina

Portal FioCruz – Revolta da Vacina
https://portal.fiocruz.br/noticia/revolta-da-vacina-2

El País – Em busca do segredo da primeira vacina da humanidade, que erradicou a varíola
https://brasil.elpais.com/brasil/2017/08/24/ciencia/1503587279_312148.html