Categoria: Artigos

Do gibi à gibiteca

Do gibi à gibiteca: origem e gênese de significados historicamente situados
Autor: Richardson Santos de Freitas

Orientadora: Lorena Tavares de Paula

Monografia apresentada em 14 de novembro de 2023 à Escola de Ciência da Informação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), como atividade optativa do curso de graduação em Biblioteconomia.

Banca:
Waldomiro de Castro Santos Vergueiro
Lígia Maria Moreira Dumont
Terezinha de Fátima Carvalho de Souza

RESUMO
Esta pesquisa faz um estudo sobre a palavra gibi, através do método histórico, investigando as mudanças de seu significado e sua assimilação sociocultural. Considera-se que esse gênero artístico e fonte de informação para desenvolvimento de coleções especiais prescinde de estudos críticos sobre abordagens teóricas, lexicais e historiográficas para melhor compreensão desses materiais para o desenvolvimento de coleções. Nesta investigação, os primeiros registros foram encontrados em jornais de 1888, pesquisados na Hemeroteca Virtual da Fundação Biblioteca Nacional do Brasil. Constatou-se que inicialmente gibi era um apelido atribuído a pessoas negras. Posteriormente, transformou-se em uma gíria racista direcionada aos meninos negros, possuindo o sentido pejorativo de feio e grotesco, publicados em anúncios e em páginas de quadrinhos de periódicos. Depois a palavra passou a ser usada para designar os meninos negros que vendiam jornais nas ruas. Desses pequenos vendedores surgiu a inspiração para o título da revista Gibi, lançada em 1939 pela editora O Globo. O sucesso de vendas da revista, a ampla publicidade, o investimento em relações públicas e o cenário de críticas aos quadrinhos vindas principalmente de adversários da editora transformaram a palavra gibi em sinônimo de revista de histórias em quadrinhos no Brasil, fazendo o sentido original cair em desuso. A popularização do termo inspirou as bibliotecas brasileiras a adotarem a denominação de gibiteca para seus acervos de quadrinhos.

TCC no Catálogo de Acervo da UFMG

FREITAS, Richardson Santos de. Do gibi à gibiteca: origem e gênese de significados historicamente situados. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Biblioteconomia) – Escola de Ciência da Informação, Universidade Federal de Minas Gerais, 2023. Disponível em:
https://biblio.eci.ufmg.br/monografias/2024/RichardsonSFreitas.pdf

FREITAS, Richardson Santos de. PAULA, Lorena Tavares de. Do gibi à gibiteca: origem e gênese de significados historicamente situados. Biblionline, v. 19, n.1 (2023), Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, 2023, p. 3-19. Disponível em: https://periodicos.ufpb.br/index.php/biblio/article/view/64771

FREITAS, Richardson Santos de. PAULA, Lorena Tavares de. Do gibi à gibiteca: origem e gênese de significados historicamente situados. Memorial del Encuentro de Directores y de Docentes de Escuelas de Bibliotecología y Ciencia de la Información del Mercosul, 1(13), Montevidel, 2023. ISBN: 978-9974-0-2067-2 . Disponível em: https://encuentro-mercosur.fic.edu.uy/index.php/encuentro-mercosur/article/view/11

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Direitos Autorais

Breve história e noções básicas da lei nº 9.610/98 sobre os direitos autorais no Brasil

PLAGIARIUS

A expressão artística sempre esteve presente na humanidade. Entretanto, as discussões sobre a preservação dos direitos do autor surgiriam a partir do momento em que as obras começaram a ser plagiadas.

Pré-história: Pintura rupestre do período Paleolítico Superior.

Na Grécia Antiga era comum a transcrição de obras de escritores. Tinha como objetivo deixar um registro intelectual que permitisse transmitir relevante conhecimento para as próximas gerações. Porém, a cada nova cópia, essas obras poderiam sofrer algum tipo de mudança ou manipulação.

Para proteger a integridade da obra original, em 330 a.C. uma lei ateniense de 330 a.C. ordenou o depósito de três cópias exatas dos grandes clássicos literários nos arquivos do Estado.

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O riso e a democracia

Contexto: O tema “limites do humor” sempre me interessou. Ao ler ou ver documentários sobre o assunto, percebi que a maioria deste debate aparece sob o contexto dos comediantes e humoristas, com um ou outro depoimento de cartunistas. A proposta desse artigo surgiu no curso de Direito como proposta de tema de TCC. A ideia era pesquisar decisões judiciais que envolvessem processos contra cartunistas. Infelizmente tive que trancar a matrícula e por esse motivo este texto não passou por uma revisão ou avaliação de professores da área. Mas para não deixar a pesquisa empoeirando dentro de um HD, segue parte da pesquisa que um dia pretendo dar continuidade.

O RISO E A DEMOCRAIA
Os limites constitucionais do humor gráfico
Richardson Santos de Freitas

LIBERDADE DE EXPRESSÃO

A liberdade de expressão é um direito fundamental positivado em diversas convenções internacionais de direitos humanos, tratados e constituições.

Segundo Rigamonte (2018, p. 22), “a liberdade de expressão em sentido estrito é o direito que as pessoas têm de livre se expressar, isto é, de fazer difundir, por qualquer meio, ideias e opiniões de qualquer natureza (artística, literária, científica etc.)”. O autor demonstra que há também o conceito de liberdade de informação, que é o direito de conhecer os fatos e ficar a par das notícias e dos dados de interesse da comunidade. A diferença é que enquanto a liberdade de informação trabalha com a divulgação de fatos baseado na exigência da prova da verdade; a liberdade de expressão está baseada no livre pensamento expresso por um meio qualquer, centrada na opinião pessoal, e não está condicionada à verdade. 

A liberdade de expressão faz parte da construção da dignidade da pessoa humana, integrante de sua personalidade humana, e segundo Ronald Dworkin (apud RODRIGUES JUNIOR, 2009), não sendo preciso cumprir finalidade específica alguma, assumindo as dimensões que podem ser tanto individuais, quanto sociais.

A liberdade de imprensa, destinada à comunicação de massa, nasce como uma forma de exteriorizar a liberdade de expressão stricto sensu e a liberdade de informação, que é a garantida aos meios de comunicação em geral. Através de seus veículos de comunicação, de grande alcance, propaga notícias e artigos de opinião usando o conceito da liberdade de expressão em sentido mais amplo.

Para uma sociedade democrática, a pluralidade de ideias e visões diferentes do mundo é fundamental para o crescimento de uma sociedade em constante evolução. Não existindo uma verdade absoluta, os argumentos e discussões são vitais para a livre circulação de ideias e ideologias, sustentando o direito de informar, de se informar e de ser informado.

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Banca de jornais e revistas

BANCAS DE JORNAIS E REVISTAS
Richardson Santos de Freitas

OBS: Artigo escrito inicialmente em 2013, com algumas atualizações feitas ao longo dos anos.

Este artigo se propõe a contar a trajetória das bancas de jornais e revistas no Brasil através do conceito de cultura material. A investigação passa por uma breve história do sistema de distribuição de jornais, o surgimento do empreendimento banca no país, a evolução em seu design e a atual situação do setor.

INTRODUÇÃO

“Partindo-se da compreensão do design com área produtiva fundamental na formação da cultura material contemporânea, entende-se a cultura material como o universo de coisas – objetos/artefatos – que permeiam a vida social, constitui-se no objeto de investigação de pesquisadores de diversas áreas, a começar, natural e tradicionalmente, pelos arqueólogos históricos, abrangendo campos afins, como a História da Arte, a Antropologia, a História e as Ciências humanas em geral.” (REIS, 2005, p1)

A mais antiga publicação regular do mundo é a Acta Diurna, criada na Roma do século 59 a.C. A publicação era uma espécie de Diário Oficial que informava a população sobre os acontecimentos políticos, decisões jurídicas, campanhas militares, nascimentos, casamentos e obituários da época. Esculpidas em grandes placas de pedra ou madeira, as publicações eram expostas em lugares públicos de grande concentração de pessoas. Acta Diurna introduziu na sociedade a expressão “Publicare et propagare“, que significa “tornar público e se propagar”.

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