Categoria: Linha do Tempo

1965 – Fanzine Ficção

1ª edição: 12 de outubro de 1965, Piracicaba/SP.

O primeiro fanzine de histórias em quadrinhos do Brasil é o “Ficção – Boletim do Intercâmbio Ciência – Ficção Alex Raymond”, idealizado pelo desenhista Edson Rontani. Feito em mimeógrafo, a edição era distribuída via correio. Chegou a ter 12 edições e tiragens de 300 cópias.

O boletim trazia reportagens sobre personagens, artistas e editoras. Publicava catálogos de compra e venda de hqs e uma lista de produções. Tinha o objetivo de ser uma publicação de troca de informações entre os colecionadores de histórias em quadrinhos .

Ao enviar exemplares do antigo boletim para um clube de colecionadores na França, eles responderam chamando a publicação de fanzine. Assim, Rontani lançou uma nova versão substituindo o termo “boletim” por “fanzine”, ficando Fanzine Ficção.

Fanzine é uma palavra inglesa que vem da contração dos termos FANatic + magaZINE (revista de fã). Significa uma revista artesanal feita por fãs que querem trocar informações ou mostrar seus trabalhos independentes. Os primeiros fanzines surgiram a partir da década de 30 nos EUA, elaborado por leitores de revistas de ficção científica. A revista artesanal, devido ao seu baixo custo e a possibilidade de reprodução em pequena escala, logo foi adotado também por fãs de quadrinhos. Com o novo lançamento de Rontani, o termo passou a ser disseminado e adotado no cenário da produção brasileira, tanto para edições informativas, quanto para revistas independentes e experimentais.

Painel de exposição em homenagem a Esdon Rontani.
Crédito: http://edsonrontani.blogspot.com/

Edson Rontani nasceu em Piracicaba em 23 de março de 1933. Foi formado em Direito mas nunca exerceu a profissão. Era polivalente, atuando em diversas atividades profissionais como jornalista, pintor, decorador, radialista, cartunista e ilustrador. Era amante de quadrinhos e um grande colecionador. Sua coleção chegou a ter um acervo de mais de mil gibis. Criou o Estúdio Orbis de Desenho nos anos 50, onde ministrava aulas e prestava serviços de desenho e publicidade. Em 1974, teve a ideia de realizar o Salão de Caricaturas de Piracicaba, na Pinacoteca Municipal.

Criou o mascote Nhô Quim para o time de futebol XV de Novembro de Piracicaba. Passou a criar ilustrações de Jeca, sobre futebol, o que o levou seus desenhos para a Gazeta Esportiva. Trabalhou para as publicações Folha Piracicabana, Tribuna, Jornal de Piracicaba e O Diário. Contribui para as revistas da EBAL fazendo desenho para as capas. Entre elas, Superman nº 9 e Batman nº 43, ambas publicadas em janeiro de 1965.

Em 1981, cria o suplemento infantil “Você Sabia?”, sendo redator e ilustrador. Rontani produziu a página até 1997, ano de seu falecimento.

REFERÊNCIAS

Blog Edson Rontani: http://edsonrontani.blogspot.com/

GUIMARÃES, Edgard. Fanzine. João Pessoa: Marca de Fantasia, 2005. Disponível em https://www.marcadefantasia.com/livros/quiosque/fanzine/fanzine4ed.pdf

MEDEIROS, Lucas de Sousa. A identidade de fã mediada pelos fanzines: análise do discurso de fã nos fanzines brasileiros de história em quadrinhos da década de 1990. Dissertação (Mestrado em História Cultural) – Pós-Graduação em História, Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, 2016. Disponível em: https://repositorio.ufu.br/bitstream/123456789/16527/1/IdentidadeFaMedida.pdf

NEGRI, Ana CAmila. Quarenta anos de fanzine no Brasil: o pioneirismo de Edson Rontani. V Encontro de Pesquisa da Intercom. Disponível em: http://www.intercom.org.br/papers/nacionais/2005/resumos/R0469-1.pdf

1962 – O Juvenil Mensal – Ebal

1ª Edição: Janeiro de 1962, Rio de Janeiro
Editora Ebal- Editora Brasil-América Limitada
Revista de bolso, P&B, 36 páginas, Cr$ 10,00
Diretor: Adolfo Aizen

Crédito: Guia Ebal – http://guiaebal.com/ojuvenilmensal01.html

A revista O Juvenil Mensal foi lançada em um momento que houve um aumento do preço do papel, o que fez com que várias revistas ficassem mais caras. A proposta era vender uma publicação com a metade do preço da maioria das outras revistas, que na época custavam Cr$ 20,00.

Nessa primeira edição, uma história de faroeste de Tex Ritter enfrentando os “Espíritos Brancos”, uma gangue de capuz branco que aterrorizava os índios e a população da cidade de Brady.

A primeira série durou 55 edições, de janeiro de 1962 até julho de 1966.

Créditos: Guia Ebal

1952 – O Pato Donald n. 22, a chegada do formatinho no Brasil

Em 8 de abril de 1952 chegava às bancas uma nova edição da revista d’O Pato Donald. Editado pela Editora Abril, esse número 22 trouxe uma novidade. Era a primeira revista em quadrinhos do Brasil a ser publicada no formato 13×21 cm, que ficou conhecido no país como “formatinho”.

Crédito foto: Site Gibiteca Brasil

O formatinho brasileiro se baseou na edição italiana da Disney chamada Topolino (como é conhecido o Mickey Mouse por lá). Durante a Segunda Guerra Mundial, Topolino ficou dois anos paralisado. Quando retornou as vendas, o país vivia as consequências sociais e econômicas da guerra. Em 1949, a editora Mondadori pensou em uma estratégia para aumentar as vendas reformulando o formato da revista, inspirado na revista de variedades chamada Reader’s Digest. A publicação semanal passaria a ser mensal e teria 100 páginas. A edição 738 foi a última desta série, passando a ser publicada a edição seguinte usando a numeração 1. Os leitores gostaram e as vendas voltaram a aumentar.

Crédito imagem: Ambaradan

O tamanho permitia um melhor aproveitamento do papel de gráfica, sendo possível imprimir até 18 páginas por folha. Esse aproveitamento possibilitava imprimir revistas com uma quantidade maior de páginas, com um custo mais em conta. A Abril usou o formato em outras revistas além da Disney, sendo seguido por outras editoras no Brasil.

Em adaptações, como nas revistas em quadrinhos de super heróis feitas em formato americano (17×26 cm), trazia alguns prejuízos, como a redução da arte, a exclusão de algumas páginas da história para caber na revista e a redução de textos dos diálogos dos balões.

Atualmente revistas como Disney e Turma da Mônica ainda utilizam o formato. A editora Panini, quando adquiriu os direitos de publicar os heróis da Marvel e DC, voltam a publicar as histórias no tamanho original das revistas norte-americanas.

1944 – Akinola Lasekan

Akinola Lasekan (1921-1972) nasceu na Nigéria. Foi um artista versátil, foi pintor, ilustrador, designer gráfico e cartunista.

Fez charge para o jornal West African Pilot. Este jornal tinha uma linha editorial nacionalista que combatia o colonialismo da Inglaterra, buscando a independência da Nigéria. O jornal foi lançado em 1937 por Nnamdi Azikwe. Em 1944 começa a publicar o trabalho de Akinola, em um série diária que duraria até 1960.

Créditos imagens: África Cartoons https://africacartoons.com/tag/akinola-lasekan/