Categoria: Lições

Quadrinhos, sedução e paixão, de Moacy Cirne

Sinopse:
“Quadrinhos, sedução e paixão é o sexto livro de Moacy Cirne sobre o tema, desde o pioneiro A explosão criativa dos quadrinhos, lançado em 1970 pela Editora Vozes, e que seria o primeiro livro publicado no Brasil dedicado ao fascinante universo dos “heróis e heroínas de papel”. A obra é capaz de mobilizar não apenas os que apreciam – e discutem – a linguagem dos comics. Aqueles que admiram poesia, cinema e ficção científica, por exemplo, também terão motivos para se interessar por suas indagações críticas – e que não são poucas. São indagações que abrangem o mundo dos quadrinhos, mas que procuram abarcar outras vertentes na esfera da arte. Afinal, a “febre sociológica” que norteava os primeiros ensaios sobre os quadrinhos, nos anos 60 e 70, já passou. O momento exige uma reflexão mais profunda sobre as potencialidades criativas e seus devaneios oníricos, assim como continua exigindo uma visão acurada de seus embates ideológicos e de sua relação com as novas tecnologias e algumas das demais linguagens do campo artístico.

Moacy Cirne nasceu em Jardim do Seridó, RN, em 1943. Morou longos anos em Caicó e Natal, no mesmo Estado. Passou a residir no Rio de Janeiro em 1967. Estudou Direito. Participou da fundação do poema-processo , em 1967. Secretariou a revista Cultura Vozes, nos anos 70. Publicou mais de 15 livros, entre os quais História e crítica dos quadrinhos brasileiros (1990), premiado em Cuba com o troféu La Palma Real. Laureado, em 2000, com o Troféu Angelo Agostini, de São Paulo. Criou a “folha porreta” Balaio, distribuída a partir de 1986. Professor da Universidade Federal Fluminense desde 1971, atualmente vice-diretor do Instituto de Arte e Comunicação Social e chefe do Departamento de Comunicação Social.”

Capítulos:

  • Imaginário e especificidade dos quadrinhos;
  • Quadrinhos, política e saber militantes;
  • Heróis e personagens – talvez sim, talvez ficção;
  • Quadrinhos, máquina & imaginário;
  • Lugar do erotismo nas histórias-em-quadrinhos;
  • Cinema e quadrinhos: uma nova leitura;
  • Quadrinhos e literatura: um olhar marcado pela poesia;
  • Da ficção científica ao mundo dos quadrinhos;
  • Há um cânone dos quadrinhos?

Quadrinhos são uma narrativa gráfico-visual, impulsionada por sucessivos cortes, cortes estes que agenciam imagens rabiscadas, desenhadas e/ou pintadas. O lugar significante do corte – que chamaremos de corte gráfico – será sempre o lugar de um corte espácio-temporal, a ser preenchido pelo imaginário do leitor. Eis aqui sua especificidade: o espaço de uma narrativa gráfica que se alimenta de cortes igualmente gráficos. Na “banda desenhada”, a grafia exibe uma dupla articulação semiótica: a narrativa enquanto tal e o seu agente impulsionador (o corte), que mobilizam a relação produção/leitura de forma a mais eficaz possível, tendo em vista a própria operacionalidade semântica e estrutural de sua vigência quadrinhística. Isto é, seu espaço narrativo só existe na medida em que articula com os cortes, que, assim, seriam redimensionados pelo leitor. De maneira mais simpler, diremos: a especificidade dos quadrinhos implica seu modo narrativo, determinado pelo ritmo das tiras e/ou páginas em função de cada leitura particular, leitura esta que se constrói a partir das imagens e dos cortes. Neste sentido, os balões, que encerram a “fala” e/ou o “pensamento”, por mais importantes que sejam, não passam de elementos lingüísticos, mesmo quando inventem na estesia de suas possibilidades criativas. Mesmo quando são metalingüísticos. (CIRNE, 2000, p. 23-24)

CIRNE, Moacy. Quadrinhos, sedução e paixão. Petrópolis: Vozes, 2000.

CDD- 741.5 1. Histórias em quadrinhos : interpretação crítica

A linguagem dos quadrinhos: o universo estrutural de Ziraldo e Maurício de Sousa, de Moacy Cirne

Sinopse:

“A importância social, estética e comunicacional das estórias em quadrinhos já foi devidamente assinalada, seja por Umberto Eco e Alain Resnais, seja por Marshall McLuan e Federico Fellini. Seus instigantes e excepcionais vetores criativos, a partir de 1960/61, começaram a merecer análises críticas pautadas na especificidade de sua linguagem: a narrativa estruturada segundo certos requisitos semânticos e operacionais.

No Brasil, – no que se refere ao campo editorial -, a VOZES é pioneira no estudo de quadrinhos. Primeiramente, com o n. 7, de julho de 1969, da Revista Vozes; em seguida, com o livro Bum! A explosão criativa dos quadrinhos, de Moacy Cirne, lançado em julho de 1970, e já em 2ª edição. E mais uma vez Moacy Cirne se volta para a problemática estético-informacional dos comics, desta feita se detendo na particularidades sígnicas que constituem as historietas brasileiras.

O presente livro – A linguagem dos quadrinhos -, além de levar alguns problemas ideológicos e econômicos da maior relevância cultural, específicos à nossa realidade contextual, estuda (pela primeira vez entre nós) a experiência do Pererê, de Ziraldo, e a obra em progresso de Maurício de Sousa. O universo encantatório de Pererê e Tininim, Galileu e Campadre Tonice, Mônica e Cebolinha, Horácio e Jotalhão nos é relevado com a mesma clareza crítica que precisou o Bum! Além disso, nos são apontados o contexto vanguardísticos que se fabrica ao lado das experiência em quadrinhos, os procedimentos onomatopaicos em Ziraldo, as melhores estórias da revista Pererê, a metalinguagem e o absurdo antológico em Maurício de Sousa. Assim sendo, o livro se apresenta indispensável para estudiosos de quadrinhos, teóricos da comunicação e praticantes da vanguarda (no cinema, na música, no poema).

Moacy Cirne, natural do Rio Grande do Norte, estudou na Faculdade de Direito de Natal, despontou como autor laureado no I Prêmio Esso-Jornal de Letras de Literatura (1966), fundou – ao lado de outros poetas – o movimento do poema/processo (1967), publicou o primeiro livro brasileiro sôbre quadrinhos (1970), coordenou um número sôbre O mundo dos super-heróis (1971). É professor do Instituto de Comunicação da Universidade Federal Fluminense e secretário da referida revistas de Cultura Vozes.”

Citações:

Os quadrinhos brasileiros – e/ou os quadrinhos no Brasil – nunca foram levados a sério. […] Quando a problemática comunicacional passou a receber um tratamento crítico fundado na semiótica e na Teoria científica da História, os quadrinhos despontaram […] (CIRNE, 1971, p. 9).

Estamos vendo como os quadrinhos (da mesma forma que o cinema, o poema de vanguarda etc.), e em especial os quadrinhos brasileiros, podem e devem levar questões da mais alta significação cultural, como aliás o têm feito durante todos êstes anos. Resta verificar se ao levantamento desses questões tem correspondido uma ação crítica eficaz e criativa (CIRNE, 1971, p. 16).

Assim como existe uma nova crítica literária (nascida fora das Faculdades de Letras!) e uma nova crítica cinematográfica (nascida fora dos cineclubes!), é preciso que exista uma (nova) crítica de quadrinhos.

É bem possível que em breve tenhamos semiólogos, por exemplo, como os nossos melhores críticos de historietas, para desespêro dos “colecionadores de gibis”.

Sômente uma crítica nova atenderá criativamente às exigências de um processo nôvo. No cinema, na música, no poema. E nos quadrinhos. (CIRNE, 1971, p. 17-18)

CIRNE, Moacy. A linguagem dos quadrinhos: o universo estrutural de Ziraldo e Maurício de Sousa. Petrópolis: Vozes, 1971.

Metodologia: linguagem dos quadrinhos

Você encontrará aqui uma metodologia para ensino da linguagem dos quadrinhos dentro de sala de aula.

Quando aplicado uma atividade de história em quadrinhos dentro de uma sala é provável que o professor encontre alguma resistência entre os alunos que dizem não saber desenhar. Isso pode provocar uma barreira no desenvolvimento do trabalho.

A proposta desta atividade não é ensinar a desenhar. A finalidade é fazer com que os alunos entendam o funcionamento básico de construção de uma história em quadrinhos. O entendimento servirá tanto para melhorar a compreensão da leitura, quanto para desenvolver histórias mesmo com um desenho simples.

Por esse motivo, esta lição é feita com um personagem feito de formas geométricas simples.

Os quadros são apresentados um a um, colocados em cima de uma mesa. A cada novo quadro acrescentado, o professor vai dialogando, colhendo depoimentos e instigando os alunos a completarem e comentarem as histórias.

QUADRO A QUADRO

Esta é a primeira figura apresentada, onde se pergunta para a turma: “- O que o personagem está fazendo?”

Existem várias interpretações válidas. O personagem podem estar andando tranquilamente, fazendo caminhada, correndo, passeando …

Agora acrescenta-se um segundo quadro onde o personagem se depara com uma situação inusitada. Uma lâmpada!! Ele fica curioso…

Perceba que mesmo sem ter expressões faciais, a imagem induz a curiosidade. Para isso, além da interrogação, o corpo foi desenhado de forma inclinada para o objeto misteriosos.

Nesse ponto pergunta-se para a turma: “- O que vai acontecer no próximo quadro, depois que ele encontrou a lâmpada mágica?”

Isso fará com que os alunos busque em sua experiência pessoal a opinião para o que vai acontecer em seguida. A lâmpada está associada a histórias onde ao esfregá-la, aparecerá um gênio que irá realizar três desejos.

Depois de todas as ideias e conclusões, apresente o terceiro quadro:

Continue lendo

Numa Folha Qualquer

Oficina Numa Folha Qualquer
Aulas práticas com técnicas simples para quem acha que não sabe desenhar.
Gratuito. Classificação livre.

Todo sábado
Centro Cultural Padre Eustáquio
Belo Horizonte/MG