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1939 – Gibi

1ª edição: 12 de abril de 1939 .
Editora O Globo. Formato tabloide com 32 páginas. Custava 300 réis.
Primeira série da revista foi até o número 1739, em 31 de maio de 1950.

.Anúncio do lançamento de Gibi no Jornal O Globo, de 12 de abril de 1939

Adolfo Aizen, jornalista que prestava serviços para Roberto Marinho, visitou os EUA onde conheceu o grande potencial de venda dos suplementos. Aizen voltou com a ideia de implementar essas cadernos no jornal O Globo. Marinho não aprovou por achar que era um investimento de alto risco.

Aizen busca parceiros e encontra a oportunidade de publicar no jornal A Nação. Entre os suplementos, o que mais fez sucesso era o Suplemento Infantil. Logo depois fundaria sua própria editora, Grande Consórcio Suplementos Nacionais, onde passaria a publicar o Suplemento Juvenil.

Vendo o sucesso de vendas de seu antigo colaborador, Roberto Marinho muda de ideia e inicia uma linha de revistas para disputar mercado com Aizen. Para concorrer com o Suplemento Juvenil, lançou O Globo Juvenil. Com o sucesso da primeira revista, em 1939 chega as bancas a revista Gibi.

Gibi era terno que na época significava menino, moleque, menino negro. Muitos desses garotos vendiam jornais nas ruas das grandes cidades. Foi esse pequeno vendedor de jornais negro que inspirou o nome e o personagem apareceu nas capas, ao lado da logo, em diversas edições.

Gibi tinha como conteúdo As Aventuras do Detetive Charlie Chan, Ferdinando, Brucutu, Tarzan, Flash Gordon, Príncipe Valente, Dick Tracy, Spirit, entre outros títulos distribuídos pelo sindicatos norte-americanos detentores dos direitos autorais.

As Aventuras de Chalie Chan, de Earl Derr Biggers, era o destaque do número 1 de Gibi.

Capa da primeira edição de Gibi, de 12 de abril de 1939

O sucesso de vendas e o preço baixo fez com que a revista tivesse três edições por dia e ganhasse uma revista variante, chamada Gibi Mensal.

Em 1952, o Grupo Globo fundou a Rio Gráfica e Editora (RGE), para dar conta do aumento das tiragens das revistas especializadas em quadrinhos. O sucesso durou mais alguns anos, porém o mercado foi se modificando, e os leitores passaram a gostar mais de revistas com uma linha editorial com seus personagens preferidos protagonizando com revistas próprias do que revistas com coletâneas de várias histórias com diferentes personagens e gêneros. Desta maneira, as revistas de coletâneas, que era a característica da Gibi, acabaram sendo descontinuadas. O Novo Gibi, deixou de circular em dezembro de 1954. A Gibi Mensal seguiu até o número 249, em 1961.

Uma tentativa de relançamento aconteceu em 1974 como o Gibi Semanal, que durou 40 números. A segunda, em 1975, lançou o Gibi Especial e teve 8 números. O Almanaque do Gibi Nostalgia, terceira tentativa, durou 6 edições entre 1975 e 1977. Uma coletânea foi criada em 1980, em Gibi de Ouro – Os Clássicos dos Quadrinhos, com 6 edições.

Depois que a RGE se transformou em Editora Globo, 12 edições de Gibi foram lançadas entre 1993 e 1994, com personagens clássicos. Usou-se ainda os títulos Gibizinho entre 1991 e 2006 e o Gibizão da Turma da Mônica, entre 2001 e 2005.

A revista, principalmente em sua primeira fase, fez muito sucesso e deixou sua marca no mercado editorial das hqs. Ao mesmo tempo, uma série de ataques contra os quadrinhos, onde muitos defendiam que eram maléficos para a juventude, jornais rivais d’O Globo passaram a fazer matéria usando Gibi de forma genérica para falar mal sobre todas as revistas de fantasia e aventura e atingir indiretamente Roberto Marinho. Esse cenário permitiu que a marca mudasse o significado de gibi, transformando o termo em sinônimo de histórias em quadrinhos no Brasil.

Lista das edições da revista Gibi:

Gibi/Novo Gibi

  • 1939 a 1950 – Gibi – O Globo – n.  1 ao 1739.
    • 1950 a 1952 – Novo Gibi – O Globo – n. 1740 ao 1797. (Mudança de nome, continuação da numeração).
    • 1952 a 1954 – Novo Gibi – RGE – n. 1798 ao 1842. (O sucesso fez com que o jornal criasse uma editora própria para histórias em quadrinhos: a Rio Gráfica Editora – RGE.) 

Gibi Mensal

Outras revistas Gibis

  • 1944 a 1951 – Gibi de Natal – O Globo – 8 edições,
  • 1965 a 1968 – Gibi Apresenta – RGE – Histórias do Gato Félix, Popeye, Zezé, Gato Maluco e Popeye – 36 edições.
  • 1968 – 1969 – Mini-Gibi – RGE – Formato 5×9 cm – 19 edições.
  • 1974 a 1975 – Gibi Semanal – RGE – 40 edições.
  • 1974 a 1975 – Gibi Coleção – RGE – 4 edições.
  • 1975 a 1977 – Almanaque do Gibi Nostalgia – RGE – 7 edições
  • 1975 – Gibi Especial – RGE – n. 1 ao 5
    • 1975 – Gibi Mensal – RGE – n. 6 ao 8. (Mudança de nome, continuação da numeração).
  • 1985 – Gibi de Ouro – RGE – 6 edições.
  • 1991 a 1998 – Gibizinho da turma da Mônica86 edições.
  • 1993 a 1994 – Gibi – Editora Globo – 12 edições.
  • 1996 a 201 – Gibizão da turma da Mônica – Editora Globo – 9 edições.
  • 1998 a 2003 – Almanaque do Gibizinho Mônica – Editora Globo – 65 edições.

Gibi também inspirou o nome dos espaços dedicados à preservação, organização, leitura, difusão e formação de público leitor de história em quadrinhos. Da junção de gibi + biblioteca , surgiram as gibitecas.

(Explicação mais detalhada sobre a origem da palavra gibi e o contexto que fez com que a marca gibi mudasse de significado. TCC – Do gibi à gibiteca.)

Referências

Acervo O Globo. O Globo. Rio de Janeiro: Editora Globo, 10 de abril de 1939. p. 8. Disponível em https://acervo.oglobo.globo.com/

Acervo O Globo. O Globo. Rio de Janeiro: Editora Globo, 12 de abril de 1939. p. 7. Disponível em https://acervo.oglobo.globo.com/

Guia dos Quadrinhoshttp://www.guiadosquadrinhos.com/

VERGUEIRO, Waldomiro. SANTOS, Roberto E. dos. A revista Gibi e a consolidação do mercado editorial de quadrinhos no Brasil. Matrizes. Vol. 8, n.2, 2014. São Paulo: Universidade de São Paulo, jul./dez de 2014. p. 175-190. Disponível em https://www.redalyc.org/pdf/1430/143032897010.pdf

1493 – Adolfo Aizen vira membro do Comité da Imprensa do Touring Club do Brasil

Revista O Malho, n. 1493

1 de agosto de 1931.

Título: Touring Club do Brasil

Do Sr. Dr. Octavio Guinle, digno presidente do Touring Club do Brasil, recebemos uma atenciosa comunicação de que, para membro do Comité da Imprensa dessa modelar sociedade de turismo, foi convidado para representar O Malho o nosso companheiro de redação Sr. Adolfo Aizen.


A viagem de Adolfo Aizen foi responsável por fazer ele conhecer os suplementos de quadrinhos que eram grande sucesso nos EUA e de, ao retornar, lançar o Suplemento Infantil no Jornal A Nação em 1934, inaugurando o mercado editorial brasileiro. A vida de Aizen é contada de forma detalhada no livro A Guerra dos Gibis.

Hemeroteca Biblioteca Nacional: http://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=116300&pesq=%22adolfo%20aizen%22&pasta=ano%20193&hf=memoria.bn.br&pagfis=75063

O Rio Nu

O Rio Nu era um periódico que começou a circular na cidade do Rio de Janeiro em 1898. Voltado para o público masculino, era uma publicação de 4 páginas, com estilo transgressor para sua época. Foi o responsável por introduzir a pornografia na imprensa brasileira.

Com a evolução das técnicas de impressão, passou a ser ilustrado. Em 10 de janeiro de 1900, o periódico bi-semanal reformulou seu visual, aumentou para 8 páginas e se intitulou como “Caustico, humorístico e illustrado”. A partir desse ano, houve o aumento de ilustração com mulheres nuas que fez a aumentar a venda de exemplares.

Na edição de 10 de janeiro de 1900, há na capa o publicação do trabalho do artista Armando Sacramento com uma tirinha em quadrinhos bem humorada. Era o Zé aguardando uma mulher casada sair escondida pela janela. Mas o Zé é surpreendido por um homem disfarçado, que desmarcara a traição e dando-lhe uma bengalada. A sequência tem três quadros, sem a divisão de requadros entres eles, e com texto narrativo localizado no rodapé dos desenhos.

Em fevereiro de 1900, a capa de O Rio Nú traz um quadrinhos de Frei Gallo. Nele, um homem se encanta por uma mulher e a aborda na rua, faz galanteios e aplica uma irresistível cantada. A mulher então o leva para sua casa para matar todos os seus desejos. No quarto, ao começar a tirar a roupa, a mulher deixa o homem bastante empolgado com os seios opulentos e esbeltos. Mas no final, ao tirar o corpete, ela revela que se trata de enchimento. Ela termina dizendo que só os peitos são postiços, todo o resto é brasileiro: “Tem sal, pimenta e limão…” Neste trabalho, os textos ainda estão no rodapé, mas percebe-se que as seis cenas estão separadas por requadros.

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