Categoria: Linha do Tempo

1841 – Revista Punch or the London Charivari

1ª Edição: 17 de julho de 1841, Londres

A revista Punch ou The London Charivari foi uma publicação de humor de Londres que começou a circular em 1841. O auge da revista foi na década de 1940, sendo publicada até 1992. Houve uma segunda série, que durou entre 1996 e 2002.

Inspiram no periódico francês Le Charivari, a revista foi fundada pelo escritor Henry Mayhew e gravurista Ebenezer Landells. Era uma publicação semanal e tinha como proposta ter um conteúdo mais bem humorada do que as outras revistas de padrão literário existentes na época. O nome Punch (soco em português) foi acertado em uma reunião surgiu a ideia de que a revista deveria ser como uma boa mistura de socos.

No início havia alguns problemas técnicos de impressão. Esta limitação fazia com que os artistas desenhassem direto em um bloco de madeira, que depois era entalhado por um gravador. A qualidade dos desenhos ficam nas mãos deste gravadores, nem sempre saindo um resultado pretendido. Artistas como Leech, Doyle e Keene ganharam destaque quando, além da ilustrações, passaram também a dominar as técnicas de gravação para que seus trabalhos tivessem maior qualidade na impressão. Pela revista passaram uma variedade de artistas ao longo dos anos, como John Tenniel e Eh Shepard, ilustradores dos originais de Alice no País das Maravilhas.

Em sua primeira edição, a revista publicou um desenho onde o alvo era uma exposição destinada a ajudar na seleção de novas pinturas de murais para as Casas do Parlamento inglês. O local tinha sido destruído em um incêndio e estava sendo reconstruído. O artista John Leech retratou de forma irônica os quadros expostos, contrastando com a miséria do povo. Dizia que enquanto o povo pedia pão, os filantropos do Estados faziam uma exposição. “Substância e Sombras”. Fez uma piada ao dar à ilustração o título de “Cartoon”, que em inglês tinha o significado original de “rascunho”, um esboço de uma obra de arte feitos para planejar uma pintura ou mural. Devido ao seu sucesso e repercussão, o nome pegou, mudou de sentido e passou a ser sinônimo de humor gráfico.

REFERÊNCIAS

Revista Punch: https://www.punch.co.uk

1837 – A campainha e o cujo, de Manoel de Araújo Porto-Alegre

Manoel de Araújo nasceu em 1806 na cidade de Rio Pardo/RS. Começa a estudar pintura e desenho aos 16 anos, momento que adota o sobrenome Porto-Alegre em referência ao estado em que nasceu. Mudou-se para o Rio de Janeiro em 1827, ingressando na Academia Imperial de Belas Artes, estudando com o francês Jean-Baptiste Debret . Em 1831, viaja com Debret para a Europa, tendo lições com outros grandes mestres da França, da Itália, da Inglaterra e da Bélgica. Por lá conheceu as publicações humorísticas de caricaturas políticas que circulavam no continente.

Ao regressar ao Brasil em 1837, publica no Jornal do Commercio do Rio de Janeiro, no dia em 14 de dezembro, a charge do Brasil intitulada A Campainha e o Cujo. O tema do desenho era uma crítica contra a prática do governo de cooptar jornalistas para trabalhar no Correio Official.

A campainha e o cujo, de Manoel de Araújo Porto-Alegre. Credito: Biblioteca Nacional.

A técnica é litografia. Impressão em preto e branco, 31 x 41,5cm em papel 37 x 48cm. Victor Lárée foi o litografista responsável por imprimir as estampas.

O governo é representado pelo homem em pé tocando uma campainha e anunciando a vaga de redator do Correio Official. De joelhos está o cujo – representando a figura do jornalista Justiciano José da Rocha – que está aceitando o convite. O jornalista recebe um saco de dinheiro de três contos e seiscentos réis , que o fez trocar jornal O Cronista para ir trabalhar no periódico do governo.

Nas paredes, inscrições como Chronica daz parvoices (crônicas do comportamento parvo; imbecil; idiota).

A legenda no rodapé da página representa um diálogo:

a Campainha
Quem quer, quem quer redigir
O Correio Official!
Paga-se bem. Todos fogem?!
Nunca se viu causa igual

o Cujo
Com três Contos e seis centos,
Eu aqui ‘stou, meu Senhor;
Honra tenho e probidade,
Que mais quer d’um redactor?
(Porto-Alegre, 1937)

Manoel apontava no desenho o mal uso do dinheiro do governo ao pagar altas somas de dinheiro para subornar e cooptar os jornalistas para que eles trabalhassem no órgão de impressa oficial. Esses redatores deveriam escrever matérias a favor dos ideiais regressivas e defender a corte. Esses regressistas defendiam o retorno de uma monarquia absolutista e o fim da descentralização das decisões políticas. O grupo futuramente fundariam o Partido Conservador.

Na edição do Jornal do Commercio, na seção Annuncios traz:

SAHIO á luz o primeiro numero de huma nova invenção artistica,
grava sobre magnifico papel, representando huma admiravel scena brazileira, e vende-se pelo modico preço de 160 réis cada numero, na loja de livros e gravuras de Mongie, rua do Ouvidor n. 87. A bella invenção de caricaturas, tão appreciada na Europa, apparece hoje pela primeira vez no nosso paiz, e sem duvida receberá do publico aquelles sinaes de estima que elle tributa ás cousasuteis, necessarias e agradaveis (Annuncios, 1937, p. 3).

Na época, as gravuras eram vendidas no mercado carioca de forma avulsa da edições dos jornais. Essa venda separada durou até 1844, quando surge A Lanterna Mágica. Essa publicação foi criada por Manuel de Araújo Porto-Alegre e era especializada em caricaturas e sátiras.

A charge de Manuel de Araújo era considerada como a primeira charge publicada no Brasil. Porém, o pesquisador Luciano Magno (Lucio Muruci) lançou a obra História da caricatura brasileira que aponta para um trabalho anônimo publicado em 1822, no jornal O Maribondo, como sendo o precursor.

Referências

PORTO-ALEGRE, Manoel de Araújo. A campainha e o cujo. Jornal do Commercio, Rio de Janeiro, ano 12, n. 277, 14 de dezembro de 1937. Disponível em: https://objdigital.bn.br/objdigital2/acervo_digital/div_iconografia/icon326037/icon326037.jpg

ANNUNCIOS. Jornal do Commercio, Rio de Janeiro, ano 12, n. 277, p. 3, 14 de dezembro de 1937. Disponível em: https://memoria.bn.br/DocReader/docreader.aspx?bib=364568_02&pasta=ano%20183&pesq=%22a%20bela%20inven%C3%A7%C3%A3o%20de%20caricaturas%22&pagfis=9585

1837 – The Adventures of Mr. Obadiah Oldbuck

1ª edição: 1837, Suíça

Rudolph Topffer (1799/1846) é o autor suíço da obra foi Les Amours de monsieur Vieux Bois (Os amores do senhor Jacarandá, no Brasil), criada em 1921 e publicada em 1837. Nos Estados Unidos é considerado o primeiro autor a publicar um livro de quadrinhos, lançado em 14 de setembro de 1842 sob o título de The Adventures of Mr. Obadiah Oldbuck.

http://www.dartmouth.edu/~library/digital/collections/books/ocn259708589/ocn259708589.html?mswitch-redir=classic

1831 – Gargantua, de Honoré Daumier

Honoré Daumier (1808-1879) caricaturista e pintor francês. Um dos mestres da litografia, colaborou com a revista La Caricature.

Uma das suas caricaturas mais famosas foi a Gargantua, que criticava o Rei Luís Filipe I. Publicada em 16 de dezembro de 1831, o desenho mostrava o rei sentado em seu trono devorando sacos de moedas retirados do povo desamparado, com pouco dinheiro e com fome. Movendo logo abaixo do trono, os seus ministros, retratados todos gordos, coletando comissões e condecorações pelo resultado da coleta destes impostos.

Por causa da caricatura, o artista e o editor da revista sofreram censura e foram levados para a Corte. Julgados em fevereiro de 1832, a arte foi considerada obscena, rude e vulgar. Foram condenados a pagar uma multa e cumpriram pena de 6 meses de prisão. Após a libertação, a La Caricature deixou de circular.

Em 1835, o rei implementou um golpe de estado que instituiu a censura na França. O Jornal do Commercio, de 2 de outubro, fez uma tradução de uma notícia publicada no Morning Herald que denunciava a fim da liberdade de imprensa:

“O Governo de Luiz Philippe desfechou o seu golpe de estado, e veio por fim communicar formalmente ás Camaras os meios de que tenciona servir-se abafar a pequena somma de liberdade que ainda restava á França. […] De todos os objectos revolucionarios de 1830, todos concordavão que a manutenção da liberdade de imprensa era o primeiro e o mais importante. A nova carta não era mais que o contracto entre o rei cidadão e o povo, que resultava daquella revolução. O artigo setimo daquella carta declara que a censura nunca mais seria estabelecida, e o artigo 69 determinava que todos os delictos da imprensa serão d’ora avante jugados pelo jury.

O projecto de lei viola ambos estes princípios, […] e Fica abolida a liberdade de Imprensa. […]

Art. 1. Todos os que forem declarados criminosos de offensa contra a pessoa do Rei serão punidos com prisão e huma mulcta de 10,000 a 50,000 francos.

Art. 2. O que ridiculisar a pessoa o autoridade do Rei, terá de 6 mezes a 5 annos de prisão, mulcta de 500 a 10,000 francos, e perderá todos os direitos civis.

Art. 14. Nenhuma caricatura politica poderá ser publicada em Paris sem previa concessão do Ministro do Interior, e nas Provincias sem a do Prefeito: mulcta de 100 a 1,000 francos e prisão.”

POST-Scriptum. Jornal do Commercio, Rio de Janeiro, ano 9, n. 216, 2 out. 1835, p. 4. Disponível em: https://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=364568_02&pesq=caricatura&pasta=ano%20183&hf=memoria.bn.br&pagfis=6984