Categoria: Linha do Tempo

1902 – O Malho

Fundada por Luís Bartolomeu de Souza e Silva, a revista O Malho começou a circular no Rio de Janeiro no dia 20 de setembro de 1902. Um grande número de ilustradores, aliados a inovação tecnológica que substituiu a impressão de pedra litográfica por placa de zinco, fez das edições um marco editorial do país.

Entre os artistas que contribuíam para as edições estavam Crispim do Amaral,  J. Carlos, Angelo Agostini, Lobão , Guimarães Passos, L. Peixoto, Leonidas Freitas, Nássara, Raul, Kalixto, Storni e outros colaboradores.

A revista trazia charges, notícias nacionais e internacionais, artigos, colunas socais, esportes, política e muitos anúncios publicitários. Com linha editorial com posição ideológica definida, em 1930 combateu a Aliança Liberal de Getúlio Vargas. Com a chegada de Vargas ao poder, a redação da revista foi invadida e destruída, e o periódico parou de circular. Entre 1935 e 1954, O Malho retorna, desta vez como revista de notícias e literatura.

http://www.casaruibarbosa.gov.br/omalho/?lk=8

http://objdigital.bn.br/acervo_digital/div_periodicos/malho/anuario_malho.htm

1902- O Malho - 001
O Malho, 20 de setembro de 1902

1901 – Pirâmide do Sistema Capitalista

Folheto do Union of Russian Socialists. Representa a divisão de classes sociais e critica fortemente a desigualdade econômica presente no Império Russo em 1901.

Durante o século XIX, havia uma forte tensão social na Rússia devido a pouca liberdade e a grande miséria da população, que vivam em sistema feudalista opressor. A fome, o desemprego e os baixos salários entravam em choque com o luxo da aristocracia.

A ilustração de Lokhoff baseou-se nessa realidade. No topo a águia negra, símbolo do Império Russo. Seguido pela figura do czar e dos líderes que governam o Estado. Logo abaixo a representação do Clero e o poder da religião. A proteção desse sistema aparece na próxima camada através da manutenção da ordem e do uso da força através do exército imperial. Vivendo de uma vida de luxo, a burguesia. Na base, os proletariados rurais e urbanos carregando toda essa estrutura nos ombros. Alguns caídos, cansados ou com fome.

Ao fundo, um trabalhador agita uma bandeira simbolizando o surgimento do movimento socialista. “Chegará um tempo em que as pessoas em sua fúria se ergueram e derrubarão a estrutura com um poderoso empurrão de ombros.”

Em 1917 acontece a Revolução Russa contra o czar Nicolau II.

O folheto russo inspirou várias versões, como a Pirâmide do Sistema Capitalista do Jornal Industrial Worker, publicada em 1911. A nova versão traz algum mudanças mas mantém a sua crítica as estruturas de poder.

No topo, a águia cede lugar ao saco de dinheiro, simbolo do capitalismo. Abaixo os governantes e a alta burguesia detentora dos meios de produção e as instituições financeiras. A Igreja continua com seu poder ideológico de controle sobre a população. As forças militares novamente aparecem para manutenção da ordem e estrutura de proteção contra revoltas e revoluções. Os pequenos burgueses desfrutam de uma boa vida e comida farta. E os proletariados na base de tudo, homens, mulheres e crianças.

Capitalismo
– Nós mandamos em você.
– Nós enganamos você.
– Nós atiramos em você.
– Nós comemos por você.
– Nós trabalhamos por todos. Nós alimentamos todos.

O Rio Nu

O Rio Nu era um periódico que começou a circular na cidade do Rio de Janeiro em 1898. Voltado para o público masculino, era uma publicação de 4 páginas, com estilo transgressor para sua época. Foi o responsável por introduzir a pornografia na imprensa brasileira.

Com a evolução das técnicas de impressão, passou a ser ilustrado. Em 10 de janeiro de 1900, o periódico bi-semanal reformulou seu visual, aumentou para 8 páginas e se intitulou como “Caustico, humorístico e illustrado”. A partir desse ano, houve o aumento de ilustração com mulheres nuas que fez a aumentar a venda de exemplares.

Na edição de 10 de janeiro de 1900, há na capa o publicação do trabalho do artista Armando Sacramento com uma tirinha em quadrinhos bem humorada. Era o Zé aguardando uma mulher casada sair escondida pela janela. Mas o Zé é surpreendido por um homem disfarçado, que desmarcara a traição e dando-lhe uma bengalada. A sequência tem três quadros, sem a divisão de requadros entres eles, e com texto narrativo localizado no rodapé dos desenhos.

Em fevereiro de 1900, a capa de O Rio Nú traz um quadrinhos de Frei Gallo. Nele, um homem se encanta por uma mulher e a aborda na rua, faz galanteios e aplica uma irresistível cantada. A mulher então o leva para sua casa para matar todos os seus desejos. No quarto, ao começar a tirar a roupa, a mulher deixa o homem bastante empolgado com os seios opulentos e esbeltos. Mas no final, ao tirar o corpete, ela revela que se trata de enchimento. Ela termina dizendo que só os peitos são postiços, todo o resto é brasileiro: “Tem sal, pimenta e limão…” Neste trabalho, os textos ainda estão no rodapé, mas percebe-se que as seis cenas estão separadas por requadros.

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1897 – Os Sobrinhos do Capitão

O sucesso de Yellow Kid no New York World fez com que o jornal concorrente, o New York Journal, encomendasse ao artista Rudolph Dirks a criação de algo semelhante para seu suplemento American Humorist.

Dirks era alemão naturalizado norte-americano e se inspirou no trabalho de Max und Moritz (Juca e Chico) de Wilhelm Busch para criar uma dupla de crianças atentadas. Em 12 de dezembro de 1897 era publicada a primeira tira de Katzenjammer Kids.

Crédito imagem: Wikiwand

Hans e Fritz, o nome dos dois irmão, protagonizavam histórias que passaram a ter um elenco de personagens permanentes. O artista estruturou a narrativa em uma sequências de quadros e adotou o uso sistemático dos balões de fala. É considerada um marco na consolidação da linguagem das histórias em quadrinhos moderna.

Crédito imagem: Steven Stwalley

Em 1912, o criador queria uma pausa após 15 anos de produção. O sindicato do jornal que distribuía suas tiras pelo mundo não aceitou. Dirks então saiu do periódico e entrou em uma briga judicial que se arrastou até 1914. A decisão fez com que o New York Journal continuasse com o título “Katzenjammer Kids”, sendo desenhada por Harold Knerr…

Katzenjammer Kids de Harold Knerr

Enquanto Dirks conseguiu o direito de continuar a publicar novas histórias, tendo apenas que fazer a trocar o título para “The Captain and the Kids”.

The Captain and the Kids, Rudolph Dirks