Categoria: Linha do Tempo

1907 – Revista Fon-Fon!

1ª edição: 13 de abril de 1907, Rio de Janeiro/RJ

Idealizada por Jorge Schmidt, a Revista Fon-Fon! foi uma publicação semanal que circulou entre 1907 a 1958 no Rio de Janeiro. Schmidt, editor-proprietário, foi um destaque no ramo da editoração, tendo também publicado as revistas Kosmos e Careta.

“Semanario alegre, politico, critico e esfusiante.
Noticiário Avariado, Telegraphia sem Arame, Chronica Epidemica.

Poucas palavras apenas, á guiza de apresentação.
Uma pequena “corrida”, sem grandes dispendios de velociade.

Para um jornal agil e leve como o FON-FON!, não póde haver programma determinado (deviamos dizer distancia marcada.)

Queremos fazer rir, alegrar a tua boa alma carinhosa, amado povo brasileiro, com a pilheira fina e a troça educada, com a gloza inoffensiva e gaiata dos velhos habitos e dos velhos costumes, com o commentario leve ás cousas de actualidade.

Em todo o caso, isto já é um programma, felizmente, facil de cumprir, muito mais facil do que qualquer outro, com considerações a attender e preconceitos a respeitar.

Para os graves problemas da vida, para a mascarada Politica, para a sisudez conselheira das Finanças e da intrincada complicação dos Principios Sociaes, cá temos a resposta propria; aperta-se a “sirêne” e .. “Fon-Fon” “Fon-Fon”. (…)” 
(Fon-Fon, 1907, p. 3).

Capa da primeira edição da revista Fon-Fon!

O Brasil passava por uma profunda mudança social. Em 1888 aconteceria a Abolição da Escravatura. Em 1890, a Proclamação da República. Nesse cenário, chega ao país os automóveis que logo se tornaram um dos símbolos da modernidade. A revista então usa a onomatopeia de buzina como título e cria um chofer chamado Fon-Fon como personagem que ilustra vários textos ao longo das primeiras edições.

Tinha a intenção de ser uma revista moderna, com uma linha editorial mais rentável que a luxuosa Revista Kosmos. Trazia em suas páginas charges coloridas, fotografias, matérias culturais e reportagens sobre a semana política e social do Rio. Com o decorrer dos anos, o público alvo da revista passou a ser a mulher da elite carioca. Influenciada pela revista Belle Époque, devido ao grande fascínio que a França tinha na sociedade brasileira, começou a trazer as novidades de Paris, principalmente moda feminina e infantil. A revista passou a focar nas matérias de comportamento, costumes, beleza e culinária. Na Era Vargas a revista ganha um tom disciplinador do papel da mulher dentro da sociedade e na criação dos filhos.

Revista Fon-Fon! nº 4, de 1934 – Ilustração J. Carlos

A revistas Fon-Fon! circulou até a edição 2637, publicada em agosto de 1958.

Referência

Biblioteca Nacional. Fon-Fon! Rio de Janeiro: 1 jan. 1907. Disponível em: http://memoria.bn.br/docreader/DocReader.aspx?bib=259063&pagfis=1

FRANQUI, Renata; PERIOTTO, Macília Rosa. O modelo feminino na revista Fon-Fon! (1907-1958): a pedagogia da maternidade no Estado Novo. PerCursos, Florianópolis, v. 17, n. 33, p. 82 -, 2016. Disponível em: https://revistas.udesc.br/index.php/percursos/article/view/1984724617332016082.

ZANON, Maria Cecilia. Fon-Fon! – Um registro da vida mundana no Rio de Janeiro da Belle Époque. UNESP – FCLAs – CEDAP, v.1, n.2, 2005 p. 18. Disponível em: https://pem.assis.unesp.br/index.php/pem/article/view/18

1907 – Rian

Nair de Teffé von Hoonholtz (1886-1981) nasceu em Petrópolis – Rio de Janeiro. Usou o pseudônimo de Rian (Nair de trás para frente).

Primeira mulher caricaturista do mundo, começou a publicar seus desenhos na revistas Fon-Fon em 1907. Depois passou a contribuir com periódicos como O Binóculos, A Careta, O Ken, Gazeta de Notícias e Gazeta de Petrópolis. Retratava indivíduos da alta sociedade.

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1905 – O Tico-Tico

 A revista O Tico-Tico foi fundada em 11 de outubro de 1905 pelo jornalista Luiz Bartolomeu de Souza e Silva, proprietário da editora O Malho do Rio de Janeiro. A revista infantil é considerada pioneira por ser a primeira revista infantil no Brasil.

O nome foi inspirado no pássaro tico-tico, que Luiz Bartolomeu avistou no jardim de sua casa. A inspiração para o conteúdo veio da revista francesa La Semaine de Auzette, copiando e traduzindo material estrangeiro, sempre adaptando os textos dos quadrinhos para a realidade brasileira. A revista também abriu espaço para os artistas e redatores nacionais.

A revista colorida, e de excelente acabamento, era semanal e durou até o número 2.082, na edição especial de setembro/outubro de 1959.

Custando 200 réis, preço barato na época, rapidamente alcançou sucesso entre as crianças, pais e educadores.

Na equipe que trabalhou na revista estão Angelo Agostini, Vasco Lima, Lobão, Cícero Valadares, J. Carlos, A. Rocha, Loureiro, Leônidas e Alfredo Storni.

O personagem principal era “Chiquinho”, tradução do personagem “Buster Brown”, de norte-americano Richard Fenton Outcault. Chiquinho era um garoto aristocrata que sempre aprontava as mais diversas confusões e traquinagens. A aceitação era tamanha, que muitos acreditavam na época que Chiquinho era um personagem genuinamente nacional. Por este motivo, mesmo quando Outcaut parou de desenhar a série em 1910, no Brasil o personagem seguiu sendo publicado por artistas nacionais até o final dos anos 1950, sendo adaptado seu visual para um clima mais tropical.

Outros destaques da revista foram o trio “Reco-Reco, Bolão e Azeitona”, desenhado pelo cearense Luiz Sá (1907-1980); e o caricaturista carioca J. Carlos (1888-1950).

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A revista O Tico-Tico, 11 de outubro de 1905

1904 – A Revolta da Vacina

A Revolta da Vacina, charge de Leonidas, publicada em 29 de outubro de 1904 na edição 111 da revista O Malho.

Legenda:
“Guerra Vaccino-Obrigateza!…
Espetaculo para breve nas ruas desta cidade: Oswaldo Cruz, o Napoleão da seringa e lanceta, à frente das suas forças obrigatorias, será recebido e manifestado com denodo pela população. O interessante dos combates deixará a perder de vista o das batalhas de flores e o da guerra russo-japoneza. E veremos no fim da festa quem será o caccinador à força!”

Revolta popular carioca contra o médico sanitarista Oswaldo Cruz (1872-1917), apelidado de “Napoleão da Seringa e Lanceta”, por causa da Lei da Vacinação Obrigatória, que estipulava a vacinação compulsória contra a varíola.

Lei nº 1261, de 31 de outubro de 1904
Torna obrigatórias, em toda a República, a vaccinação e a revaccinação contra a variola.

A cidade do Rio de Janeiro do começo do século XX, capital da República dos Estados Unidos do Brazil, possuía graves problemas de saneamento público, que resultou em vários surtos de doenças contagiosas. Oswaldo Cruz assume em 1903 a diretoria Geral de Saúde Pública com a missão de erradicar estas epidemias.

O ambiente de lixo acumulado nas ruas foi propício para a proliferação do vírus da varíola, chegando a 1.800 internações em 1904. Para conter a doença, Oswaldo Cruz optou pela ação da vacinação obrigatória, decretada por lei. Porém não houve uma campanha de conscientização. 

Funcionários da Saúde Pública, com ajuda da polícia, vacinavam à força a população. Vários atos da vida civil, como matrículas nas escolas, casamentos, autorização de trabalho, só seriam concedidos mediante comprovação de vacinação. Quem resistisse às medidas, seria obrigado a pagar uma multa.

A falta de esclarecimento fazia com que a população rejeitasse a ideia de injetar um líquido de pústulas (pequena elevação da epiderme) de vacas doentes em seus corpos. A população não gostou do caráter compulsório da lei e protestos violentos aconteceram entre os dias 10 e 16 de novembro de 1904. O motim resultou na morte de 30 pessoas, 110 feridos, 945 pessoas presas, 461 deportações para o Estado do Acre e depredações de bondes, trilhos, calçamentos e postes de iluminação.

Fontes:

Lei nº 1261, de 31 de outubro de 1904
Torna obrigatórias, em toda a República, a vaccinação e a revaccinação contra a variola.
https://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/1900-1909/lei-1261-31-outubro-1904-584180-publicacaooriginal-106938-pl.html

Hemeroteca Digital Brasileira – Biblioteca Nacional
Revista O Malho nº 111
http://memoria.bn.br/pdf/116300/per116300_1904_00111.pdf

Infoescola.com – Revolta da Vacina
https://www.infoescola.com/historia/revolta-da-vacina/

Educa Brasil – Revolta da Vacina
https://www.educamaisbrasil.com.br/enem/historia/revolta-da-vacina

Portal FioCruz – Revolta da Vacina
https://portal.fiocruz.br/noticia/revolta-da-vacina-2

El País – Em busca do segredo da primeira vacina da humanidade, que erradicou a varíola
https://brasil.elpais.com/brasil/2017/08/24/ciencia/1503587279_312148.html