Suplememento do jornal Gazeta, da cidade de São Paulo. Publicada as quintas-feiras, tinha como objetivo criar um suplemento “em benefício das infancia tão pouco aquinhoada, entre nós, de leitura sã e interessante.”
Revista criada em 1908 por Jorge Schmidt que tinha como linha editorial o conteúdo humorístico e a crítica de costumes. Tinha periodicidade semanal, saindo sempre aos sábados. Entre os colaboradores estavam os cartunistas Raul, J. Carlos, Belmente, Malagute, Raul Pederneiras, Calixto e Theo. Além das charges, publicava notícias, crônicas, poesia, colunas de opinião e colunismo social.
Aí vai a nossa Careta. Lançando à publicidade esse semanário, é preciso confessar, e contritamente o fazemos, que a Careta é feita para o público, o grande e respeitável público, com P maiúsculo! Se tomamos esta liberdade foi porque sabíamos perfeitamente que ele não morre de caretas. Longe vai o tempo em que isso acontecia. Todavia, nossa esperança é justamente que o público morra pela Careta, a fim de que ela viva. E, feita cinicamente essa confissão egoísta (…) Digamos logo que o nosso programa cifra-se unicamente em fazer caretas (…) As nossas caretas são sérias como as sessões do Instituto Histórico e a sua perfeição e semelhança garantidas. Se ao ver a Careta, gentil senhorita, apreciadora entusiasta das seções galantes do jornalismo smart, franzir graciosamente as graciosas sobrancelhas, na boquita rubra estalando um desprezado muxoxo, nós já temos meia vingança: o muxoxo é meia careta, pelo menos. (Careta Ano I, nº 01, 6 jun. 1908, p. 3)
Schmidt já tinha experiência com outras revistas, como Kosmos e Fon-Fon!. Com o fim desses periódicos, Schmidt buscou criar uma nova publicação mais simples, popular e que evitasse a inconsistência de entrega dos seus colaboradores. Essa nova visão de gestão deu certo e a Revista Careta circulou durante 53 anos. Mesmo após sua morte em 1935, a publicação continuou circulando, tendo sua última edição datada em 5 de novembro de 1960, revista de número 2.732.
A linguagem provocativa, com grande repercussão no público, gerou vários conflitos com o Governo. “Um exemplo disso foi a prisão de Jorge Schmidt, em 1914, quando o Marechal Hermes decretou estado de sítio no país, invadindo e destruindo órgãos da imprensa de oposição.” (GARCIA, 2015, p. 35). A revista ficou um período suspensa por alguns meses.
O posicionamento político e charges ganharam destaque durantes o período do Estado Novo (1937-1945), em um contexto de censura imposta pelo governo de Getúlio Vargas. A pesquisadora Sheila Garcia detecta em seu estudo “o entrelaçamento entre a propaganda comercial e a veiculação do discurso de legitimação do regime.” (GARCIA, 2015, p. 41). Em meio a matéria enviadas pelas agências de governo, as charges atuaram na construção do discurso crítico dentro da revista. A forma de despistar a censura foi a de criar uma representação de Getúlio Vargas que evitasse a satanização e atribuísse a ele aspectos caricatos da figura baixinha, gorducha, sorridente e com seu charuto. As críticas eram construídas em duplo sentido ou em elementos gráficos escondidos. Esse mecanismo tinham a intenção de burlar a leitura dos censores no discurso contra o estado opressor, que tentava silenciar as manifestações artísticas críticas ao governo autoritário.
A revista tinha um alto padrão de impressão, sendo impressa em papel couché. Somente em 1941, com o mundo as voltas de uma Segunda Guerra Mundial, o preço do papel importado aumentou de preço e a Careta passou a ser publicada em papel jornal, usando o couché somente na capa.
Com o fim em 1960, a revista Careta foi relançada em 1964, durando apenas 3 edições. Em 1981 uma terceira versão da revista chegou às bancas, mas também com curta duração.
Idealizada por Jorge Schmidt, a Revista Fon-Fon! foi uma publicação semanal que circulou entre 1907 a 1958 no Rio de Janeiro. Schmidt, editor-proprietário, foi um destaque no ramo da editoração, tendo também publicado as revistas Kosmos e Careta.
“Semanario alegre, politico, critico e esfusiante. Noticiário Avariado, Telegraphia sem Arame, Chronica Epidemica.
Poucas palavras apenas, á guiza de apresentação. Uma pequena “corrida”, sem grandes dispendios de velociade.
Para um jornal agil e leve como o FON-FON!, não póde haver programma determinado (deviamos dizer distancia marcada.)
Queremos fazer rir, alegrar a tua boa alma carinhosa, amado povo brasileiro, com a pilheira fina e a troça educada, com a gloza inoffensiva e gaiata dos velhos habitos e dos velhos costumes, com o commentario leve ás cousas de actualidade.
Em todo o caso, isto já é um programma, felizmente, facil de cumprir, muito mais facil do que qualquer outro, com considerações a attender e preconceitos a respeitar.
Para os graves problemas da vida, para a mascarada Politica, para a sisudez conselheira das Finanças e da intrincada complicação dos Principios Sociaes, cá temos a resposta propria; aperta-se a “sirêne” e .. “Fon-Fon” “Fon-Fon”. (…)” (Fon-Fon, 1907, p. 3).
O Brasil passava por uma profunda mudança social. Em 1888 aconteceria a Abolição da Escravatura. Em 1890, a Proclamação da República. Nesse cenário, chega ao país os automóveis que logo se tornaram um dos símbolos da modernidade. A revista então usa a onomatopeia de buzina como título e cria um chofer chamado Fon-Fon como personagem que ilustra vários textos ao longo das primeiras edições.
Tinha a intenção de ser uma revista moderna, com uma linha editorial mais rentável que a luxuosa Revista Kosmos. Trazia em suas páginas charges coloridas, fotografias, matérias culturais e reportagens sobre a semana política e social do Rio. Com o decorrer dos anos, o público alvo da revista passou a ser a mulher da elite carioca. Influenciada pela revista Belle Époque, devido ao grande fascínio que a França tinha na sociedade brasileira, começou a trazer as novidades de Paris, principalmente moda feminina e infantil. A revista passou a focar nas matérias de comportamento, costumes, beleza e culinária. Na Era Vargas a revista ganha um tom disciplinador do papel da mulher dentro da sociedade e na criação dos filhos.
A revistas Fon-Fon! circulou até a edição 2637, publicada em agosto de 1958.
Nair de Teffé von Hoonholtz (1886-1981) nasceu em Petrópolis – Rio de Janeiro. Usou o pseudônimo de Rian (Nair de trás para frente).
Primeira mulher caricaturista do mundo, começou a publicar seus desenhos na revistas Fon-Fon em 1907. Depois passou a contribuir com periódicos como O Binóculos, A Careta, O Ken, Gazeta de Notícias e Gazeta de Petrópolis. Retratava indivíduos da alta sociedade.