1969 – O Pasquim

Lançado em 1969 no Rio de Janeiro, O Pasquim foi um tabloide de humor que surgiu em pleno período de Ditadura Militar com uma linha editorial de contestação politica. Se tornou um dos principais e mais emblemáticos jornais devido a sua linguagem jornalística inovadora e cartuns críticos.

Começou com uma tiragem de 14 mil exemplares, que se esgotou em dois dias, sendo necessários reimprimir mais 14 mil. Seu auge foi cerca de 200 mil no anos 1970. O projeto nasceu da união de Jaguar, Tarso de Castro , Sérgio Cabral, Carlos Prósperi e Claudius que foi atraindo outros nomes, como Ziraldo, Millôr, Miguel Paiva, Fortuna, Henfil, Paulo Francis, Ivan Lesa, Ruy Castro, entre outros.

O ratinho Sig foi nomeado para símbolo do Pasquim. Na primeira edição do jornal Millôr Fernandes escreveu:

“ Em suma, Sérgio Magalhães Jaguaribe, vulgo Jaguar, vai de Banda de Ipanema, que é mais melhor. Fazendo O Pasquim vocês vão ter que enfrentar: A) O establishment em geral, que, nunca tendo olhado com bons olhos a nossa atividade, agora, positivamente, não vê nela a menor graça. B) As agências de publicidade, que adoram humor, desde que, naturalmente, ele seja estrangeiro, lá longe, feito pelo Mad publicado no Play-Boy ou filmado pelo Jaques Tati (“Que mordacidade!” “Que crítica social!” “Que sempiternos pífaros!”) C) A Igreja, que, depois de uma guinada de 360 graus, é extremamente liberal em tudo que seja dito por ela mesma. D) A Família, as Classes Sociais, As Pessoas de Importância, Os Quadrados, Os TFM, Os Avant-Chatos que se fantasiam de Avant-Garde, etcetera.
Não estou desanimando vocês não, mas uma coisa eu digo: se este jornal for mesmo independente, não dura nem três meses. Se durar três meses não é independente. Longa vida a esta revista! P.S. Não se esqueça daquilo que eu te disse: nós, os humoristas, temos bastante importância pra ser presos e nenhuma pra ser soltos”.

O Pasquim sofreu com a censura e vários de seus colaboradores foram presos. Apesar da repressão, a vendas só aumentavam, então as bancas de revistas que vendiam o tabloide passaram a ser alvo de atentados, obrigando os jornaleiros a recusarem a vender a publicação. Mesmo assim O Pasquim continuou a circular após a abertura política em 1985, sendo sua última edição publicada em 11 de novembro de 1991.

Todas as edições de O Pasquim para leitura on-line. Hemeroteca da Biblioteca Nacional: https://memoria.bn.gov.br/docreader/DocReader.aspx?bib=124745&pagfis=22453

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