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Uma análise do discurso quadrinístico: práticas institucionais e interdiscurso, de Lucas Costa

Autor: Lucas Piter Alves Costa

Resumo:
Desde que os Quadrinhos começaram a se tornar objeto de estudos, tem sido comum o esforço em defini-los por parte de alguns pesquisadores, teóricos e profissionais da área. A compreensão do que sejam os Quadrinhos está intimamente ligada à compreensão de sua origem, de seu percurso histórico, dos usos e aplicações de sua linguagem, bem como da evolução e, sobretudo, da diversificação desses aspectos. A história dos Quadrinhos, então, assume diferentes feições a depender dos aspectos valorizados. Como produtos de natureza fortemente heterogênea, os gêneros dos Quadrinhos colocam em movimento todo um sistema de práticas institucionais que, por sua vez, também podem ser associadas às Artes e à Mídia. Independente da origem e da definição adotadas, o estado atual dos Quadrinhos revela que esse nicho cultural passou por inúmeras mudanças, vindo a se consolidar como área relativamente autônoma no panorama cultural. Tanto sua linguagem e suas temáticas se desenvolveram, quanto suas formas de produção, circulação e recepção. Como instituição discursiva, os Quadrinhos têm práticas sociais e discursivas próprias e tendem a compartilhar outras práticas com diversas instituições. Diante dessas observações, os objetivos deste trabalho são: (a) descrever algumas práticas linguageiras do campo quadrinístico; (b) verificar o funcionamento do nome de Autor na instituição discursiva quadrinística; (c) analisar a constituição do nome de Autor no discurso quadrinístico. O percurso de análise e elaboração teórica deste trabalho buscou descrever a estrutura do campo quadrinístico e as práticas sociais e discursivas que possibilitaram instituir os Quadrinhos como domínio relativamente autônomo. Este trabalho buscou estabelecer uma distinção entre o Autor tomado como sujeito no discurso e o Autor tomado como enunciado, ou seja, produto desse mesmo discurso. Para isso, foram descritos e analisados diversos regimes de autorialidade no Discurso Quadrinístico. A análise dos Quadrinhos possibilitou concluir que o nome de Autor é um tipo de enunciado complexo sustentado coletivamente por toda instituição discursiva.

COSTA, Lucas Piter Alves. Uma análise do discurso quadrinístico: práticas institucionais e interdiscurso. Tese (Doutorado em Linguística do Texto e do Discurso) Faculdade de Letras, Universidade Federal de Minas Gerais. 2016. Disponível em: https://repositorio.ufmg.br/handle/1843/MGSS-ACENCR. Acesso em 27 fev. 2025.

Humor Gráfico

HUMOR GRÁFICO – Origem e chegada ao Brasil
Richardson Santos de Freitas

Este artigo segue a linha de que o humor gráfico está ligado a criação e evolução dos processos de impressão, que possibilitou a produção e reprodução de desenhos de características humorísticas em grande escala.

Denominada inicialmente como caricaturas, com a evolução da linguagem gráfica surgem posteriormente a divisão de conceitos entre charges, cartuns e caricaturas.

CARICATURA

Caricatura é um retrato com distorções anatômicas e psicológicas de uma pessoa. Deriva do verbo italiano caricare, que significa carregar, sobrecarregar, carregar exageradamente. No Brasil a tendência da caricatura chega em 1837. Mais tarde a expressão caricatura ficou associada ao desenho de rosto devido a semelhança ortográfica com a palavra cara. É um desenho que traz distorções exageradas do retratado, tanto de sua forma anatômica, quanto de suas características de personalidade.

CHARGE

Desenho humorístico relativo a fato real ocorrido. Deriva do termo francês charger que tem o significado de carga / carregar. Sua característica principal está em seu conteúdo de sátira com o objetivo de criticar e denunciar acontecimentos políticos ou sociais estritamente atuais.

 Charge se constitui realidade inquestionável no universo da comunicação, dentro do qual não pretende apenas distrair, mas, ao contrário, alertar, denunciar, coibir e levar a reflexão (AGOSTINHO E AJZENBERG, 1993).

Outra qualidade da charge é a de se constituir como instrumento de persuasão, intervindo no processo de definições políticas e ideológicas do receptor, através da sedução pelo humor, e criando um sentimento de adesão que pode culminar com um processo de mobilização (MIANI, 2002, p. 11).

CARTUM

Usa-se o conceito de cartum para os desenhos sem vínculo necessário com qualquer fato específico. Sua origem está na palavra inglesa cartoon, que tinha o significado original de rascunho, um esboço de obras de arte para planejamento de uma pintura ou mural, feitos normalmente em papel cartão (derivado da palavra italiana cartone: papel cartão).

Trata de temas mais gerais e universais tornando-se assim:

[..] atemporal, ou seja, sua compreensão pode se dar em épocas diferentes, tendo uma ‘vida útil’ muito mais longa e duradoura que a charge (RIANI, 2006).

Pelas características de sátira, a caricatura, cartum e charge ficaram associadas ao nome de humor gráfico

ORIGEM DA CARICATURA

A palavra caricatura surge no período do Renascimento italiano de 1590. Ela é o estilo desenho que representa traços exagerados de uma pessoa em contraponto ao hiper-realismo predominante nas pinturas da época. É atribuído ao italiano Annibale Carracci (1560-1690) o pioneirismo no uso dessa técnica que tinha como característica a deformação com fins satíricos. Carracci fez diversos estudos de tipos populares que viviam na cidade de Bolonha como um exercício lúdico de desenho.

Carracci conceituou:

A tarefa do caricaturista não é a mesma do artista clássico? Os dois vêem a verdade final por baixo da superfície da mera aparência exterior. Os dois tentam ajudar a natureza a realizar seu plano. Um pode lutar para visualizar a forma perfeita e executá-la em sua obra, o outro luta para alcançar a deformidade perfeita, e assim revelar a essência de uma personalidade. Uma boa caricatura, como toda obra de arte, é mais verdadeira à vida que a própria realidade (ROSA, 2014, p.13-14).

Após a sua morte, foi editada uma coleção de gravuras onde se encontra escrita a palavra caricatura.

Estudo de rostos de Carracci
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