Categoria: Repositório

A odisséia dos quadrinhos infantis brasileiros: parte 1: de O Tico-Tico aos quadrinhos Disney, a predominância dos personagens importados (1999)

Autor: Waldomiro Vergueiro

Resumo:

Discute a evolução dos quadrinhos infantis brasileiros, desde o aparecimento da revista O Tico-Tico à introdução do modelo norte-americano de quadrinhos no país, com o Suplemento Juvenil e as demais publicações que lhe seguiram. Enfoca os personagens e histórias nacionais surgidas no interior dessas publicações. Analisa a predominância dos quadrinhos importados no mercado brasileiro durante várias décadas, com a preferência das crianças recaindo sobre os quadrinhos Disney. Comenta as dificuldades que os quadrinhos importados representaram para os autores brasileiros.

VERGUEIRO, Waldomiro. A odisséia dos quadrinhos infantis brasileiros: parte 1: de O Tico-Tico aos quadrinhos Disney, a predominância dos personagens importados. Agaquê : revista eletrônica especializada em Histórias em Quadrinhos e temas correlatos, v. 2, n. 1, 1999 . Disponível em: https://www.eca.usp.br/acervo/producao-academica/001070933.pdf.

Yellow Kid, o moleque que não era amarelo

Autor: Antônio Luís Cagnin

Resumo: O artigo analisa o aparecimento da personagem Yellow Kid do cartoon criado por Richard Felton Outcault no New York World, em 1895. Contesta, veementemente, com argumentos históricos e teóricos, que o Moleque tenha sido a primeira personagem dos comics e que os americanos tenham criado a história em quadrinhos. Entre os que antecederam, ressalta Ângelo Agostini.

Citações

“O drama começou em 1893, quando Pulitzer comprou uma rotativa Hoe a quatro cores, com a intenção de imprimir as mais famosas obras de arte no suplemento dominical de seu New York World. Não teve sucesso, e a rotativa foi usada, ao invés, para reproduzir grandes desenhos. Morril Goddard, editor da página dominical, defendeu ferrenhamente aproveitar o equipamento para a arte dos quadrinhos” (Cagnin, 1996, p. 27).

“[…] foi contratado Richard Felton Outcaut. […] Agora, para atender ao tema cômico proposto, Outcaut criou o Down in Hogan’s Alley […]” (Cagnin, 1996, p. 27).

“O cenário era um bairro pobre da cidade, esquálidos cortiços, quintais cheios de cães e gatos, pessoas vulgares, vagabundos e desocupados. Uma favela do subúrbio. Personagens, os moleques de rua, um menino cabeçudo, uns sete anos, de grandes orelhas de abano, banguela, feições orientais, um sorriso malandro a corre-lhe nos lábios, mas que, de início, mal foi notado. Vestia uma camisolona suja, que Outcaut frequentemente usou como suporte para o texto e as falas do cartum, pois ainda não empregava balões” (Cagnin, 1996, p. 27).

” Enquanto, de um lado, em princípio de 1895, os problemas de impressão em cores já tinham sido resolvidos, de outro, o amarelo não secava bem e teimava em deixar manchas” (Cagnin, 1996, p. 27).

“Foi quando Charles Saalberg, chefe do setor de impressão em cores, optou por uma tinta amarela graxa, de secagem rápida; pegou um desenho qualquer de Outcaut e, a esmo, escolheu para teste a camisola do moleque orelhudo.

Naquele domingo, uma mancha de puro, vivo amarelo atraiu os olhares de todo mundo para o cartum de Outcault. O Yellow Kid tinha nascido” (Cagnin, 1996, p. 28).

“Deslumbrados ainda pela narração do apoteótico aparecimento do Yellow Kid, todos, todo mundo passou a aceitá-lo como a primeira personagem dos comics. […] De fato, na frase acima, camuflada na naturalidade da afirmação, descobre-se a ufania própria do americano que se julga sempre o primeiro, se não o dono do mundo, e, mais, que o Menino Amarelo tenha sido não só a primeira personagem, como também a primeira história em quadrinhos[…]” (Cagnin, 1996, p. 28).

“Desde então, a partir dessa molecagem semântica, a História dos Quadrinhos passou a ser contada a partir do Moleque Amarelo, como um divisor de águas: tudo o que vem depois do Yellow Kid é história em quadrinhos; tudo o que veio antes, toda a copiosa produção europeia, Tôpffer, Nadar, Gavarni, Cham, Doré, Busch, Travié, Robbida, Caran d’Ache, incluindo o nosso Agostini, pode ser relegado ao esquecimento ou ao lixo das varreduras diárias” (Cagnin, 1996, p. 29).

“Do exposto ainda, fica claro que o Moleque Amarelo não foi e nem pode ser o primeiro dos comic strips, muito menos a primeira história em quadrinhos do mundo, porque, em 1895, o MOLEQUE AMARELO nem era HISTÓRIA, mas uma simples grande cena; nem era QUADRINHOS, mas um grande cartum, nem era STRIP, nem tinha BALÕES, NEM mesmo era AMARELO” (Cagnin, 1996, p. 30).

“O que não se pode negar, porém, é que o Yellow Kid tenha sido um primeiro sucesso empresarial sem precedentes, de venda e marchandaise, na imprensa americana e no mundo. […] A fundação dos Syndicates, companhias distribuidaras, possibilitou estabelecer um novo império americano, o da indústria cultural, e inundar o mundo com os seus heróis e, com eles, sua cultura” (Cagnin, 1996, p. 31).

CAGNIN, Antônio Luís. Yellow Kid, o moleque que não era amarelo. Comunicação & Educação, São Paulo , (7): 26 a 33, set./dez. 1996. p. 26-33. Disponível em: https://revistas.usp.br/comueduc/article/download/36261/38981/42670