Categoria: Linha do Tempo

1865 – Max und Moritz

1ª edição: 4 de abril de 1865, Alemanha

Wilhelm Busch (1832-1908) nasceu no vilarejo de Wiedensahl, no antigo Reino de Hanover, atual Alemanha. Boa parte da infância morou com um tio que era pastor protestante, levando uma vida bastante rigorosa. Apesar do desejos dos pais dele se formar em engenharia mecânica, largou esse estudo para ingressar na Escola de Arte de Dusseldor, se especializando na Real Academia de Antuérpia.

Ao contrair febre tifoide e Busch foi obrigado a retornar para a casa dos pais para o tratamento em 1853. Recomeça os estudos na Escola de Munique e faz trabalhos de caricaturista para periódico Fliegenden Blatter e o Tabloide Munchener Bilberdogen.

Ilustração de Wilhelm Busch para o Fliegende Blaetter

Em 1865 cria seu maior sucesso, a história baseada na sua infância chamada Max und Moritz. “[…] uma crítica mordaz à burguesia da época (e de sempre), com farpas lançadas ao mundinho dos professores, profissionais liberais e até dos camponeses (classe social significativa na Alemanha do século XIX). Dá pra acreditar nisso também. As atrocidades praticadas pelos dois meninos nos despertam certos sentimentos de vingança, antes indolentes” (Claudia Cavalcanti, As travessuras de Juca e Chico, 2012).

Os originais foram preservados e estão sob a guarda do Museu Wilhelm Busch: https://www.karikatur-museum.de.

http://www.davidgorman.com/maxundmoritz.htm

A história de Max und Moritz foi republicada em mais de 200 países. No Brasil, coube a Olavo Bilac – que usou na época o pseudônimo Fantásio – fazer a tradução, renomeando a dupla como Juca e Chico : a história de dois meninos em sete travessuras. Você pode fazer a leitura on-line dessa obra no site da Biblioteca Nacional: http://blij.bn.gov.br/blij/bitstream/handle/20.500.12156.7/15/drg20495.pdf?sequence=1

O trabalho de Busch é considerado um precursor dos quadrinhos porque o empresário da imprensa norte-americana William Randolph encomendou para o seu jornal algo inspirado na história desses dois garotos. O artistas Rudolph Dirk então cria Os Sobrinhos do Capitão (Hans e Fritz: The Katzenjammer Kids), uma mistura de inspiração-plágio, que passou a circular no New York Journal a partir de 12 de dezembro de 1897. Então, diretamente, a obra de Busch influenciou a criação dos comics americanos. É creditado ao Dirk o aprimoramento do balões, onomatopeias e linhas de movimento.

Juca e Chico foram republicado no Brasil pela editoras Iluminuras, Pulo do Gato e Ciranda Cultural.

BUSCH, Wilhelm. As travessuras de Juca e Chico. Tradução de Claudia Cavalcanti. São Paulo: Iluminuras, 2012.

BUSCH, Wilhelm. Juca e Chico: história de dois meninos em sete travessuras. Tradução de Olavo Bilac. São Paulo: Pulo do Gato, 2012.

BUSCH, Wilhelm. Juca e Chico: história de dois meninos em sete travessuras. Tradução de Olavo Bilac. São Paulo: Ciranda Cultural, 2021.

CDD: 028.5 – Poesia: Literatura infantojuvenil
CDU: 087.5 – Publicação para jovens e crianças
CDU: 82-93 – Literatura Infantil. Literatura Alemã

Diabo-Coxo

Jornal de caricaturas criado por Angelo Agostini e Luiz Gama, lançado em 2 de outubro de 1864. Era publicado aos domingos em São Paulo. Tinha 8 páginas, contendo textos, caricaturas e ilustrações de eventos e cenas do dia a dia.

O diabo foi uma figura criada pela Igreja na Idade Média e difundida na literatura e nas Artes.

El Diablo Cojuelo, do escritor espanhol Luiz Velez de Guevara, obteve muito sucesso quando publicado pela primeira vez, em 1641. Quase setenta anos depois, em 1707, Alain René Lesage repetiu-lhe a dose e o tom no romance de mesmo título e assunto, Le Diable Boitex. Era a história de Asmodeu, o coxo, pobre diabo preso numa garrafa. Liberado por um estudante, concedeu ao jovem o poder de ver, através dos tetos e das paredes das casas, o que se passava com as pessoas no seu interior. Fórmula cômoda de o escritor retratar e satirizar, com espirituosidade, os costumes da sociedade. (CAGNIN in GAMA, 2005, p. 14).

Diabo Coxo era a figura que olhava para a sociedade através de suas “paredes”, revelava sua ações moralista e apontava seus erros através de caricaturas ácidas que incomodavam

Publicado em séries, a primeira foi de outubro até dezembro de 1864. A segunda circulou entre julho e dezembro de 1865.

Introdução da primeira edição:

Referência:

GAMA, Luíz. Diabo Coxo: São Paulo 1864-1865. Redigido por Luíz Gama; Ilustrado por Angelo Agostini. Ed. fac-similar. São Paulo: Editora da USP, 2005. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/docreader.aspx?bib=701513&pasta=ano%20186&pesq=&pagfis=1

1855 – O Namoro, quadros ao vivo, de Sébastien Auguste Sisson

Publicada em 15 de outubro de 1855, Revista O Brasil Illustrado – Publicação Literária.

Sébastien Auguste Sisson nasceu em 1824 na França e migrou para o Brasil em 1852. Pintor, desenhista, litógrafo e caricaturista, montou um ateliê na cidade do Rio de Janeiro.

Trabalhou para a revista O Brasil Illustrado, onde ilustrou a história “O Namoro, quadros ao vivo”, publicada em 1855. Em página dupla, conta através do humor as fases de um namoro, desde como começa, passando pelo romance e acabando em um casamento, cheio de filhos fazendo uma baixa bagunça na casa, com os pais descabelados.

Há o debate de que essa possa ser a primeira história em quadrinhos publicada no Brasil. Esse título é normalmente atribuído a Angelo Agostini.

Segundo Vargas (p. 10, 2020):

” O pioneirismo de Agostini, uma invenção, mais especificamente dos anos 1980, foi capitalizado pela Associação dos Quadrinhistas e Caricaturistas do estado de São Paulo (AQC-ESP), de 1984. (…), a AQC era também de uma resposta à polêmica ocasionada por um grupo de intelectuais da Academia Brasileira de Letras que propusera uma homenagem a Adolpho Aizen, defendendo a data de 14 de março como o Dia das Histórias em Quadrinhos, em homenagem aos cinquenta anos do Suplemento Juvenil, publicação de 1934 fortemente associada à invasão dos quadrinhos norte-americanos.
(…) É importante acrescentar o momento histórico da redemocratização do Brasil. Conscientemente ou não, Agostini, um ferino abolicionista e republicano, adequar-se-ia muito melhor aos anseios da AQC do que Sisson, nomeado litógrafo imperial e cavaleiro pela Imperial Ordem da Rosa.”
Capa da Revista de Outubro de 1855

Referência

Biblioteca Nacional. O namoro, quadros ao vivo. O Brasil Ilustrado: Publicação Literária. Rio de Janeiro: 18 out. 1855. Disponível em: https://memoria.bn.br/DocReader/docreader.aspx?bib=706817&pesq=&pagfis=114

FAMÍLIA SISSON. Sébastien Auguste Sission. Disponível em: https://familiasisson.wordpress.com/biografias/a-%20historia/

VARGAS, Alexandre Linck. De Buster Brown a Burroughs: introdução a uma genealogia irônica dos quadrinhos brasileiros. Revista Veredas: Revista da Associação Internacional de Lusitanistas, n. 31, p. 9-24 5 maio 2020. Disponível em: https://revistaveredas.org/index.php/ver/article/view/633/451

1844 – A Lanterna Mágica

1ª edição: 7 de agosto 1844, Rio de Janeiro

Manuel de Araújo Porto-Alegre teve a oportunidade de estudar pintura em Paris em 1831, retornando ao país trazendo as influências dos periódicos franceses. Inspirado no La Lanterne Magique publicou a revista Lanterna Mágica: Periódico Plastico-Philosophico. O periódico fazia uma crítica político e social brasileira, trazendo como marca a sátiras das caricaturas.

Inicialmente as caricaturas eram vendidos em pranchas avulsas no Brasil. A Lanterna Mágica inovou ao colocar os desenhos juntos dos textos das publicações. Editado por Manuel de Araújo, o responsável pelas ilustrações era Rafael Mendes de Carvalho.

Imagens: Hemeroteca Digital Brasileira