Categoria: Memória Ilustrada

1855 – O Namoro, quadros ao vivo, de Sébastien Auguste Sisson

Publicada em 15 de outubro de 1855, Revista O Brasil Illustrado – Publicação Literária.

Sébastien Auguste Sisson nasceu em 1824 na França e migrou para o Brasil em 1852. Pintor, desenhista, litógrafo e caricaturista, montou um ateliê na cidade do Rio de Janeiro.

Trabalhou para a revista O Brasil Illustrado, onde ilustrou a história “O Namoro, quadros ao vivo”, publicada em 1855. Em página dupla, conta através do humor as fases de um namoro, desde como começa, passando pelo romance e acabando em um casamento, cheio de filhos fazendo uma baixa bagunça na casa, com os pais descabelados.

Há o debate de que essa possa ser a primeira história em quadrinhos publicada no Brasil. Esse título é normalmente atribuído a Angelo Agostini.

Segundo Vargas (p. 10, 2020):

” O pioneirismo de Agostini, uma invenção, mais especificamente dos anos 1980, foi capitalizado pela Associação dos Quadrinhistas e Caricaturistas do estado de São Paulo (AQC-ESP), de 1984. (…), a AQC era também de uma resposta à polêmica ocasionada por um grupo de intelectuais da Academia Brasileira de Letras que propusera uma homenagem a Adolpho Aizen, defendendo a data de 14 de março como o Dia das Histórias em Quadrinhos, em homenagem aos cinquenta anos do Suplemento Juvenil, publicação de 1934 fortemente associada à invasão dos quadrinhos norte-americanos.
(…) É importante acrescentar o momento histórico da redemocratização do Brasil. Conscientemente ou não, Agostini, um ferino abolicionista e republicano, adequar-se-ia muito melhor aos anseios da AQC do que Sisson, nomeado litógrafo imperial e cavaleiro pela Imperial Ordem da Rosa.”
Capa da Revista de Outubro de 1855

Referência

Biblioteca Nacional. O namoro, quadros ao vivo. O Brasil Ilustrado: Publicação Literária. Rio de Janeiro: 18 out. 1855. Disponível em: https://memoria.bn.br/DocReader/docreader.aspx?bib=706817&pesq=&pagfis=114

FAMÍLIA SISSON. Sébastien Auguste Sission. Disponível em: https://familiasisson.wordpress.com/biografias/a-%20historia/

VARGAS, Alexandre Linck. De Buster Brown a Burroughs: introdução a uma genealogia irônica dos quadrinhos brasileiros. Revista Veredas: Revista da Associação Internacional de Lusitanistas, n. 31, p. 9-24 5 maio 2020. Disponível em: https://revistaveredas.org/index.php/ver/article/view/633/451

1844 – A Lanterna Mágica

1ª edição: 7 de agosto 1844, Rio de Janeiro

Manuel de Araújo Porto-Alegre teve a oportunidade de estudar pintura em Paris em 1831, retornando ao país trazendo as influências dos periódicos franceses. Inspirado no La Lanterne Magique publicou a revista Lanterna Mágica: Periódico Plastico-Philosophico. O periódico fazia uma crítica político e social brasileira, trazendo como marca a sátiras das caricaturas.

Inicialmente as caricaturas eram vendidos em pranchas avulsas no Brasil. A Lanterna Mágica inovou ao colocar os desenhos juntos dos textos das publicações. Editado por Manuel de Araújo, o responsável pelas ilustrações era Rafael Mendes de Carvalho.

Imagens: Hemeroteca Digital Brasileira

Angelo Agostini (1843-1910)

Angelo Agostini, filho de Raquel Agostini e Antônio Agostini, nasceu no dia 8 de abril de 1843, na cidade de Vercelli – Piemonte, na Itália. Seu pau morreu quando ele tinha apenas 9 anos e sua mãe, cantora lírica, viajavam muito pelas turnês de apresentações. Por isso, é levado para Paris para morar com sua avô, onde estuda e passa a frequentar a Escola de Belas Artes.

Aos 16 anos migrou para o Brasil com sua mãe e seu padrasto. Trabalhou como capataz na construção de uma estrada de rodagem que ligava o terminal da ferrovia Rio de Janeiro – Juiz de fora. Agostini conhece nesse trabalho a geografia, a fauna e a cultura mineira que serviriam, mais tarde, de inspiração para a criação de seu personagem Nhô-Quim.

Inicia sua carreira artística em 1865 desenhando para a revista Diabo-Coxo de São Paulo. Na revista publica suas primeiras histórias ilustradas (sem sequências, nem personagem fixo) e charges. Angelo era conhecido por suas opiniões fortes e críticas à sociedade, sobretudo contra os políticos e a Igreja. Em uma época imperialista e escravocrata, defendeu os ideais abolicionistas e republicanos. Suas caricaturas ganharam fama por serem ofensivas, o que lhe rendeu vários inimigos. Ele enfrentou várias pressões. Uma caricatura sua intitulada “O Cemitério da Consolação no dia de finados”, feita para O Cabrião em novembro de 1866, fez com que o jornal respondesse ao primeiro processo contra a imprensa brasileira. O julgamento foi favorável ao réu, constando nos autos que o desenho foi considerado um gracejo de mau gosto mas que não cabia punição pelo crime de ofensa a moralidade pública.

Fugindo das pressões sofridas em São Paulo, muda-se para o Rio de Janeiro. Na cidade se torna diretor do jornal A Vida Fluminense entre os anos de 1869 a 1871. No dia 30 de janeiro de 1869, Agostini publica no jornal a primeira história em quadrinhos do Brasil com um personagem fixoAs Aventura de Nhô-Quim, ou Impressões de Uma Viagem à Corte, considerada a primeira história em quadrinhos do Brasil.

Trabalha em outras publicações como O Mosquito e Revista Ilustrada. Na Revista Ilustrada, em 1883, cria as As aventuras de Zé Caipora, um anti-herói cômico, romântico e aventureiro de um personagem que representou os usos e costumes rurais e urbanos da época. Outro marco na história dos quadrinhos no país.

Devido ao seu reconhecido trabalho em favor da Abolição da Escravatura, recebeu de Joaquim Nabuco o título de cidadão brasileiro. Porém, um escândalo envolvendo a gravidez de uma mulher em um relacionamento extraconjugal faz com que Agostini se mude para a Europa em 1888. Só retorna ao Brasil em 1895. A partir de 1903 trabalha em diversas redações de jornais como Don Quixote, Leitura para Todos e O Malho.

Agostini foi o responsável por criar o logotipo da revista O Tico-Tico, a primeira e a mais importante revista voltada para o público infanto-juvenil no Brasil. O primeiro número circulou em 11 de outubro de 1905, e já no ano seguinte de sua criação chegou a tiragem de 100 mil exemplares por semana.

Angelo Agostini morreu aos 66 anos, no dia 23 de janeiro de 1910.

1841 – Revista Punch or the London Charivari

1ª Edição: 17 de julho de 1841, Londres

A revista Punch ou The London Charivari foi uma publicação de humor de Londres que começou a circular em 1841. O auge da revista foi na década de 1940, sendo publicada até 1992. Houve uma segunda série, que durou entre 1996 e 2002.

Inspiram no periódico francês Le Charivari, a revista foi fundada pelo escritor Henry Mayhew e gravurista Ebenezer Landells. Era uma publicação semanal e tinha como proposta ter um conteúdo mais bem humorada do que as outras revistas de padrão literário existentes na época. O nome Punch (soco em português) foi acertado em uma reunião surgiu a ideia de que a revista deveria ser como uma boa mistura de socos.

No início havia alguns problemas técnicos de impressão. Esta limitação fazia com que os artistas desenhassem direto em um bloco de madeira, que depois era entalhado por um gravador. A qualidade dos desenhos ficam nas mãos deste gravadores, nem sempre saindo um resultado pretendido. Artistas como Leech, Doyle e Keene ganharam destaque quando, além da ilustrações, passaram também a dominar as técnicas de gravação para que seus trabalhos tivessem maior qualidade na impressão. Pela revista passaram uma variedade de artistas ao longo dos anos, como John Tenniel e Eh Shepard, ilustradores dos originais de Alice no País das Maravilhas.

Em sua primeira edição, a revista publicou um desenho onde o alvo era uma exposição destinada a ajudar na seleção de novas pinturas de murais para as Casas do Parlamento inglês. O local tinha sido destruído em um incêndio e estava sendo reconstruído. O artista John Leech retratou de forma irônica os quadros expostos, contrastando com a miséria do povo. Dizia que enquanto o povo pedia pão, os filantropos do Estados faziam uma exposição. “Substância e Sombras”. Fez uma piada ao dar à ilustração o título de “Cartoon”, que em inglês tinha o significado original de “rascunho”, um esboço de uma obra de arte feitos para planejar uma pintura ou mural. Devido ao seu sucesso e repercussão, o nome pegou, mudou de sentido e passou a ser sinônimo de humor gráfico.

REFERÊNCIAS

Revista Punch: https://www.punch.co.uk