Histórias em quadrinhos como coleção especial: uma experiência na biblioteca universitária

Autores:
Milena Polsinelli Rubi
Maria de Fátima Rossi da Costa
Elza Naomi Kawaguchi

Resumo: As revistas de histórias em quadrinhos fazem parte dos acervos das bibliotecas, porém, geralmente não são catalogadas e classificadas devido à fragilidade e à perecibilidade do seu suporte. Nesse sentido, nosso objetivo é apresentar o relato de experiência da Biblioteca Campus Sorocaba da Universidade Federal de São Carlos que, ao receber uma coleção com mais de 5.000 exemplares de um único doador, catalogou, classificou e indexou todos esses itens. As revistas de histórias em quadrinhos passaram por higienização mecânica, foram separadas de acordo com as coleções, catalogadas, classificadas, indexadas no catálogo Pergamum e armazenadas em papel de PH neutro. Após 4 anos de trabalho envolvendo bibliotecários, auxiliares de bibliotecas e estagiários, o Espaço HQ foi inaugurado em 2017 e toda a coleção pode ser consultada pelo catálogo on-line da Biblioteca. Devido a completude da coleção e raridade de alguns números, a coleção se tornou especial, dentro da biblioteca universitária. Consideramos que a experiência adquirida no tratamento descritivo e temático da coleção deve servir a outras bibliotecas que se interessem em catalogar esse tipo de material permitindo acesso a essa coleção, uma vez que a literatura e as bibliotecas brasileiras oferecem pouco subsídio sobre o tema.

Palavras-chave: histórias em quadrinhos representação descritiva. histórias em quadrinhos
representação temática. coleção especial. bibliotecas universitárias.

” As revistas de histórias em quadrinhos (HQs) tradicionalmente fazem parte das bibliotecas, estando presentes geralmente nas bibliotecas públicas, formando um acervo comumente chamado de gibiteca.
No entanto, devido à fragilidade e à perecibilidade do seu suporte, geralmente esses materiais não são classificados, catalogados e indexados. Assim, há pouco subsídio na literatura brasileira de como tratar esse acervo de forma que ele possa ser armazenado e recuperado de maneira eficaz a fim de ser utilizado não apenas como leitura de lazer, mas também como fonte de pesquisas universitárias” (Rubi, Costa e Kawaguchi, 2018, p. 180)

“Vergueiro (2005) aponta como exceções as bibliotecas que incorporam as histórias em quadrinhos em seus acervos. Geralmente o que ocorre é a não incorporação definitiva ao acervo, o descarte generalizado e a despreocupação com o estabelecimento de critérios de seleção.

Colaborando com essa situação, existe ainda o aspecto sobre a organização desse tipo de acervo nas bibliotecas. Segundo Ramos (2011) apud (RAMOS; MIRANDA, 2013) as bibliotecas estão acostumadas ao arranjo tradicional de suas obras, que muitas vezes não atendem às particularidades das HQs, pois organizar quadrinhos significa ter conhecimento sobre as diferentes temáticas, os gêneros, os formatos e a cronologia das histórias, o que requer paciência e tempo, recursos nem sempre empregados quando se trata de materiais especiais” (Rubi, Costa e Kawaguchi, 2018, p. 183).

“[…] definição da rotina de ações para execução do tratamento da coleção, que consistiu nas seguintes etapas:

  • reunião dos fascículos de acordo com os títulos;
  • higienização mecânica de cada fascículo (página a página, e limpeza com chumaço de algodão das capas, em mesa higienizadora);
  • ordenação decrescente dos fascículos;
  • catalogação da coleção;
  • reprodução fotográfica das capas das HQs (um exemplar de cada série) para visualização no catálogo on-line (Pergamum) da B-So” (Rubi, Costa e Kawaguchi, 2018, p. 184).

“[…] optamos por classificar toda a coleção sob o número geral da Classificação Decimal de Dewey (CDD) para histórias em quadrinhos (741.5). E, para reunir as coleções de cada personagem (que na maioria dos casos é também título da publicação), utilizamos o número Cutter do nome do personagem, seguido da letra do título, ou do subtítulo, quando o título é também o nome do personagem” (Rubi, Costa e Kawaguchi, 2018, p. 184).

” A catalogação foi feita segundo o protocolo MARC21 e o padrão ACCR2. Porém, em decorrência das especificidades editoriais das HQs, optamos por descrevê-las na planilha de monografia, já que as publicações dividem-se em séries, minisséries e números especiais, apresentando ISSN ou ISBN, e em muitos casos os dois.

Cuidado especial foi dispensado à indexação dos assuntos (campo 650), por reconhecermos nesse processo a principal chave de pesquisa e divulgação da coleção. Para tanto seguimos a Política de Indexação da B-So que recomenda adoção do sistema de cabeçalhos de assunto da Biblioteca Nacional (BN), originário da Lista de Cabeçalhos de Assunto da Library of Congress (Library of Congress Subject Headings LCSH)” (Rubi, Costa e Kawaguchi, 2018, p. 185).

“Além do assunto tópico abrangente “Histórias em quadrinhos”, adotamos também como assunto tópico os nomes dos personagens, por exemplor, “Batgirl – personagem fictício”. Esta decisão nos obrigou a criar uma grande quantidade dos registros de autoridades já que, com algumas exceções, a própria BN não adota os nomes dos personagens como assunto” (Rubi, Costa e Kawaguchi, 2018, p. 185).

“Por ser uma coleção de valor inestimável e insubstituível, de suporte frágil e impossível de se restaurar, foi adotada uma política de conservação preventiva, a fim de minimizar os danos causados pelas condições ambientais e por fatores humanos” (Rubi, Costa e Kawaguchi, 2018, p. 186).

(Rubi, Costa e Kawaguchi, 2018, p. )

RUBI, Milena Polsinelly; COSTA, Maria de Fátima Rossi da; KAWAGUCHI, Elza Naomi. Histórias em quadrinhos como coleção especial: uma experiência na biblioteca universitária. In: XX Seminário Nacional de Bibliotecas Universitárias, Salvador: Universidade Federal da Bahia, 15 a 20 abr. 2018. Disponível em: http://repositorio.febab.org.br/items/show/5252

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